Essa notícia vem de um dos Cantões da Suiça: o Cantão Suíço de Solothurn informou que vai abortar seu projeto de migração de sua infraestrutura digital para Linux, e irá equipar todos os seus computadores com o sistema operacional Windows 7 da Microsoft. O Scalix, atual cliente de e-mail, será substituído pelo Outlook. Já o OpenOffice será mantido em algumas poucas máquinas, como o "último bastião da liberdade de software", mas em todas as outras, o conjunto de aplicativos de escritórios Microsoft Office, será reintroduzido para seus usuários, nos computadores da autoridade Suíça.
O projeto de migração para Linux havia sido aprovado pelo Conselho cantonal de Solothurn no ano de 2001, mas foi duramente criticado na época, especialmente pela imprensa local. O projeto também sofreu vários atrasos na sua agenda, e alguns usuários reclamavam de problemas com o software livre que estavam usando. Para piorar ainda mais a situação, a alternativa Linux para o banco de dados central baseado em Windows - responsável pelo processamento das decisões do Conselho Governamental daquele país - não ficou pronto a tempo.
Ainda no verão norte-americano deste ano corrente de 2010 (por volta de julho), Solothurn abandonou seus planos de migração total, adotando uma estratégia (ou seria política?) dual, onde as soluções da Microsoft poderiam continuar a ser utilizadas, além dos produtos de código aberto. Essa informação foi passada por um porta-voz Cantonal alguns dias após Kurt Bader, anterior diretor do escritório Cantonal para Organização e TI, teve de deixar o cargo. Bader foi diretor de TI de Solothurn por 11 anos seguidos, e foi um dos iniciadores do pŕojeto de migração para Linux. Em 2009, ele havia recebido o CH Open Source Awards' Pioneer Award pelo seu trabalho.
A pergunta que fica é: o que deu errado? O problema foi da administração que projetou uma migração Linux inadequada, ou a culpa recaiu sobre os ombros de seus usuários, que podem ter se posicionado contra desde o início do projeto? Na maioria das vezes, em uma migração, a parte que mais falha é a da administração, dos responsáveis pela implementação de uma infraestrutura de software livre.
Claro que os usuários sempre foram e continuarão sendo a principal "torcida contra" a implementação. E se os responsáveis pelo projeto não tiverem uma estrutura bem amarrada de migração, que atinja o mínimo possível o atual funcionamento da área-alvo, eles estarão fadados a falharem desde o início. E um dos pontos administrativos que mais pesa contra a uma migração, é a falta de "carta branca" para sua implementação de acordo com seus planos. E normalmente o movimento contra já começa lá de cima, da gerência, do comando da própria empresa, instituição, ou mesmo, organização.
O software livre é uma miríade de possibilidades em qualquer migração. Além do corte nos gastos com licenças de software, normalmente se tem uma infraestrutura mais estável e segura. Isso sem contar o reaproveitamento de equipamento, antes considerado obsoleto para uso na plataforma Windows, que podem ser alocados para pontos-chave da infraestrutura em migração, ajudando em sua modularização funcional (roteadores, firewall, proxy, etc).
É ponto pacífico que o software livre pode substituir qualquer infraestrutura - homogênea ou heterogênea - de software proprietário. Não há limites para sua implementação. As únicas barreiras que existem são o "fator humano", quando o projeto é insuficiente, ou quando não há carta branca para se efetuar uma implementação correta, o que poderia ser considerado como uma auto-sabotagem, incluindo na lista, os usuários fazendo jogo contra por egoísmo e limitação de visão;, e a chefia contribuindo para minar (ou não oferecer) a autoridade suficiente à equipe responsável.
Links de Interesse:
- Swiss Canton of Solothurn abandons Linux
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