• Facebook: Da Criação à Destruição

    O Facebook irá comemorar semana que vem, a conquista de 500 milhões de usuários registrados em sua rede social. A mesma já havia alcançado a marca de 400 milhões de usuários registrados cinco meses atrás. Isso aconteceu oito meses depois que a maior rede social do mundo havia alcançado a marca de 100 milhões de usuários registrados. O site foi lançado em fevereiro de 2004, e desde então, tem crescido na aceitação do público de forma vertiginosa. Mas o quanto essa rede pode conter em números de usuários?

    Mas o Facebook parece ter um enorme problema. E não! Não estamos falando de problemas de segurança, privacidade, spam, ou mesmo a descabida e desproporcional propaganda sobre o filme sa rede social. Pode ter certeza que esses problemas são (ou serão) insignificantes se comparados ao mal real: sua eterna mutabilidade.

    Em outras palavras, o Facebook não consegue mais se espelhar nas outras redes sociais, ou mesmo os grupos sociais que as pessoas possuem. E isso está fazendo com que seus usuários percebam um curioso efeito: quanto mais você usa o Facebook, menos usável ele se torna para você. A impressão que seus usuários tem é de que o Facebook não é estático (não no sentido de dinâmico). Ele mais se parece com um supermercado de médio porte, que a cada semana os produtos estão em prateleiras diferentes, lhe obrigando assim a andar mais que o necessário para fazer suas compras de sempre.

    O Facebook é uma rede social que está evoluindo de forma vertiginosa. E isso poderá deixar a maioria de seus usuários perdidos. Quando isso ocorrer, muitos perderão o gosto por seu uso e interação, e a chance da reta de usuários começar a descer no gráfico será maior. Caso isso ocorra e a empresa não antever (ou precaver) a remediação custará muito tempo e dinheiro (além da possível perda do posto de número um no mundo). E para uma rede que nunca viu números negativos, pode ser um tremendo choque.

    Uma das causas desse possível futuro fenômeno (ou colapso) já existe aqui e agora. O Facebook é estruturado na falsa presunção de que você tem uma rede social. Mas ninguém tem grupo social. Vale lembrar que uma criança de nove anos tem pelo menos duas ligações: seus pais. Um adolescente (ou seria "aborrecente") tem pelo menos três; um adulto de meia-idade então, nem se fala. Ele tem provavelmente muitas ligações: ex-colegas de classe, família, colegas de trabalho, e assim por diante.

    Isso significa que não há ligação em grupo (isso só para falar de proximidade entre os usuários) cada um é seu próprio grupo e ninguém mais pertence a ele. E quando todas essa ligações isoladas crescem na mesma linha de ligação, a casa cai. Afinal, como ter o controle de tanta gente ligada a você sem estrutura relacional diversificada?

    Quer um exemplo? Imagine que você informa a todos os seus amigos "que belo dia está na praia", e ai seu chefe replica na sua página "mas você não havia ligado informando que estava doente?". Se você não tem grupos, você não tem causa direcional.

    Quer outro exemplo? Você coloca várias fotos de amigos, e indica o nome da cada um. Em uma das fotos, um de seus amigos aparece em um estado deplorável, vomitando. Seus familiares podem começar a olhar torto para você.

    Se não há separação, não há segurança para se expressar para os grupos certos, e isso tem levado aos mais variados problemas nas vidas das pessoas. Só para se ter uma idéia, muitos dos casos de separação judicial citam Facebook em sua papelada. E isso não é de hoje, e não está diminuindo. Muito pelo contrário: só tem aumentado.

    Muitas novidades são implementadas no Facebook, quase que mensalmente. Com isso o usuário sempre terá uma nova forma de expressão dentro da maior rede social do planeta. Mas de que adianta ter todos esses recursos mutáveis, se você não possui grupos relacionais para cada um desses serviços? Ainda há tempo para o Facebook fazer uma última grande mudança na estrutura funcional de sua rede social. Só resta saber se ela tem "vontade" para isso.


    Links de Interesse:

    - The five stages of Facebook grief
    Comentários 1 Comentário
    1. Avatar de baconshow
      baconshow -
      O crescimento exponencial do Facebook aponta que eles estão no caminho certo, mesmo que o garoto Mark nunca tivesse imaginado isso. Quando o site foi criado, a ideia principal era a veracidade sobre as informações dos membros, por exemplo, se alguém buscasse um colega de classe por nome + sobrenome + cidade, provavelmente encontraria o resultado no FB.

      O crédito dessa informação foi o impulso para aqueles que careciam do fator fidedigno, trazendo maturidade aliada à individualização para a grande rede. Nós buscamos essa identidade a todo tempo, mesmo sendo de forma velada. Isso também pode justificar a ausência de comunidades no FB. Como a maioria dos outros sites de relacionamento possuem o recurso Comunidade, o foco para o FB seria diferente: O seu grupo de amigos se tornaria a sua comunidade pessoal e esta ainda pode ser dividida ou classificada em pequenos subgrupos privados, evitando, assim, o incidente com o supracitado chefe ou compartilhar os mais profundos pensamentos no perfil lotado de amigos do peito...

      Apesar de encontrarmos algumas muito engraçadas no Orkut, do tipo O meu vizinho chora igual ao Kiko: 109.652 membros (!?) não garantem nada verdadeiramente em comum entre seus participantes, não os transforma em seus amigos, tampouco promovem algum tipo de discussão fundamentada. Caso o usuário goste da piada, citação, produto ou gadget, coloque o polegar pra cima! Para aqueles que interagem com a rede há mais tempo, isso basta, evitando assim a Química Inorgânica das Redes Sociais: "E quando todas essa ligações isoladas crescem na mesma linha de ligação, a casa cai."

      Vaticinar sobre a web ou considerar o FB como vaporware faz tanto sentido quanto se tornar bilionário aos vinte e poucos anos...
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