De acordo com uma resposta oficial para uma e-petição (petição online) na caixa de sugestão online do site da coalizão do Governo, o Reino Unido agora considera que o navegador Internet Explorer 6 da Microsoft é seguro o suficiente para uso nos departamentos do governo. Para quem não sabe, o desenvolvedor Web, Dan Frydman, havia submetido uma petição para que o governo mude para um navegador mais atualizado. De acordo com o governo, não há evidências de que mudar para outro navegador, já que eles dizem ter um Internet Explorer "seguro".
O Governo do Reino Unido ainda "calcula" que mudar para o Internet Explorer 8 seria "muito caro e demorado" para os contribuintes. O governo ainda acredita que o uso de firewalls e software anti-vírus (mantendo esse último sempre atualizado) é um meio mais econômico e eficiente de se proteger os usuários...
Não! O que você leu acima não foi uma ironia! Foi algo dito seriamente pelo governo do Reino Unido. Parece piada, mas não é. O inacreditável de toda essa história é que o mundo inteiro sabe que o Internet Explorer, além de ser completamente contra os padrões Web, é desatualizado, antiquado e inseguro. E a própria Microsoft reconhece isso. A empresa de Redmond ainda se deu ao trabalho de iniciar uma campanha para que seus clientes que ainda utilizam o Internet Explorer 6, que migrem para a versão 8 de seu navegador.
Em abril deste ano, respondendo ao lançamento do Security Intelligence Report da Microsoft, Tom Köhler, Diretor de Segurança da Informação da subsidiária alemã da Microsoft afirmou que "os usuários que ainda tem o Internet Explorer 6 instalado em seus sistemas estão tomando um risco desnecessário e deveriam de forma urgente atualizar o mesmo para a versão 8, que é gratuita e oferece um nível muito maior de segurança". Vale destacar que mesmo com a Microsoft fazendo papel contra sua própria versão desatualizada de navegador, eles parecem se "contradizer" ao lembrar a todos que o Internet Explorer versão 6 terá suporte da empresa sob o Windows XP SP3 até o ano de 2014.
O Internet Explorer 6 é conhecido por ser a pedra no sapato da Web. Esse navegador, além de não seguir os padrões Web, ainda caiu no gosto de muitas empresas que fizeram verdadeiros sistemas Web legados. Sistemas esses que continuam sendo "atualizados" para funcionar somente nessa versão do Internet Explorer. Se a Web é livre e centrada em padrões, por que navegar na contra-mão? Deve ser financeiramente vantajoso para a Microsoft manter esse breque na Internet ativo, "funcional", e com "suporte estendido" até depois do "fim do mundo" (para os que acreditam que o mundo vai acabar em 2012...).
Para completar a história, sabemos que existem outros navegadores mais seguros, rápidos e "independentes" de desenvolvedor, como o Mozilla Firefox e o Chrome do Google. Eles seriam alternativas perfeitas até mesmo para que os usuários pudessem abandonar de vez o Internet Explorer, mesmo em suas versões mais atualizadas. Mas se muitas empresas e governos parecem estar "presas" aos produtos da Microsoft, me admira encontrar um governo que vai além, e "força" o uso de versões desatualizadas dos mesmos.
Outro ponto interessante foi a "afirmação" de que migrar para versões mais seguras, atualizadas e estáveis desse navegador acarretaria em gasto excessivo de tempo e dinheiro do contribuinte. Mas será que o gasto excessivo já não está sendo realizado agora? Com todos os "remendos" de segurança e investimento aplicados para "tapar o sol com a peneira", em um órgão que deveria ter primazia em segurança? E não estamos nem entrando na discussão do uso de software proprietário em instituições governamentais, que tem um enorme potencial de causar estragos permanentes na segurança nacional de qualquer país.
Pelo jeito o Internet Explorer 6 ainda continuará forte na Internet, ainda mais se outros governos resolverem seguir a mesma "lógica" do Reino Unido.
Links de Interesse:
- UK government reckons IE 6 safe enough
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