De acordo com John Carr, um assessor do governo para a segurança da criança na Internet, os motores de busca como o Google deveriam fazer mais para restringir o acesso para a pornografia online. Carr ainda afirma que as companhias na Internet deveriam bloquear links relacionados a pedofilia utilizados para encontrar fotografias de abusos contra crianças e adolescentes. O pedido veio após um tribunal ter ouvido o assassino de April Jones, Mark Bridger, sobre ter procurado imagens de estupro e abuso de crianças.
Os ativistas apoiaram ainda mais a causa quando o Google disse que possui uma política de "tolerância zero" contra conteúdo referente a abuso sexual de crianças. O próprio Carr, como um membro do Council on Child Internet Safety, disse que o Google e outros motores de busca deveriam colocar o padrão de configurações para a opção de segurança, bloqueando por padrão tanto o acesso para imagens de conteúdo sexual legalizadas quanto as ilegais de mesmo porte. Ele argumenta que não seria uma proibição generalizada, pois aqueles que desejarem ter acesso para esse material (estamos falando apenas da parte legalizada do conteúdo pornográfico) deveriam efetuar uma espécie de registro, o que já afugentaria a maioria das pessoas que acessam esse tipo de material todos os dias.
Carr também falou ao programa Today da BBC Radio 4 que os motores de busca na Internet já previnem o acesso para os endereços web que contém imagens de abuso infantil. Mas ele afirma quer uma das "rotas-chave" que os pedófilos utilizam para encontrar esse tipo de conteúdo é através de anúncios que contenham "palavras-em-código" que são colocadas em sites de pornografia pesada legalizados. Carr afirma que: "a liderança moral do Google é essencial aqui. Eles são o maior player neste espaço do mundo. Se eles fizerem isso, eu penso que outros o seguirão".
Comércio Vil
O membro do Council on Child Internet Safety também diz que não havia 'nenhuma dúvida" que alguns homens que viam imagens de abuso sexual contra crianças, iriam praticar o crime. Anteriormente falando ao vivo para a BBC Radio 5 ele disse: "Existe evidência o suficiente sugerindo que se nós colocarmos mais barreiras contra indivíduos que acessam imagens de abuso infantil, menos deles irão agir, e mais crianças estarão a salvo". Carr também informou que entre 15 e 50 por cento dos homens que previamente nunca tiveram envolvimento com imagens de abuso infantil, viriam a prejudicar fisicamente as crianças uma vez que acessem essas imagens.
Inclusive, foi sugerido que algumas empresas da Internet estariam relutantes em alterar suas configurações de busca, uma vez que levaria seus usuários a sites não tão dispostos assim em efetuar essas mudanças, colocando-os em desvantagem competitiva com a perda de potenciais consumidores de seus serviços de busca.
A caridade infantil da NSPCC disse que a morte de April destacou um aumento da evidência de um link entre imagens perturbadoras e violentas de crianças online, com as graves agressões sexuais cometidas no dia-a-dia. "A morte de April irá levar a medidas efetivas eficazes para acabar com esse comércio vil", completou o chefe executivo Philip Hoyes.
Envolvimento Pessoal
Scott Rubin, diretor de comunicações de relações públicas do Google, disse que a companhia possui uma política de tolerância zero quando o assunto é conteúdo de abuso sexual contra crianças, e que já estão trabalhando com a Internet Watch Foundation para darem fim aos sites relacionados ao abuso de crianças e adolescentes. Ele afirma que "Eu tenho uma pequena garota. Para nós do Google, existem muitos de nós que são pais" e completou "Isso é pessoal, por isso lutamos muito duro para dar suporte a organizações como a IWF, aqui no Reino Unido, e o National Centre for Missing and Exploited Children nos Estados Unidos, que fornece regularmente para nós endereços de websites que contenham esse material ilegal, e nós tiramos eles de nosso site imediatamente". Para finalizar, Rubin disse que "quando ficamos sabendo disso através de nossos usuários, por exemplo, nós reportamos para as autoridades legais e fazemos tudo o que podemos para responder o mais rápido possível. Nós precisamos investir no trabalho de identificação e localização desses criminosos o mais rápido possível, para interditar seu comportamento antes que eles deem um passo no mundo real e firam uma criança".
De acordo com Jim Gamble ex-chefe da Ceop, a maneira como estão conduzindo essas reivindicações está prejudicando as imagens das empresas. Ele afirmou que "eu sei que outros em nossa indústria fazem a mesma coisa e isso me preocupa quando ouço pessoas dizendo que não estamos fazendo nada, porque isso dá aos pais e outras pessoas a impressão de que empresas como o Google não se importam - e o oposto é a verdade. Nós nos preocupamos profundamente sobre isso".
O Caso April
O pedófilo Bridger foi considerado culpado na corte de Mold Crown na quinta-feira passada, por abduzir e assassinar April, uma garota de cinco anos de idade, em Powys, em Outubro de 2012. Durante o julgamento, o júri foi informado que a polícia havia encontrado uma biblioteca de pornografia em seu laptop, o que incluía imagens de violência contra crianças. Chris Mason, correspondente político da BBC, disse que a condenação de Bridger havia renovado o debate sobre o que pode ser feito para limitar o acesso a esse tipo de material na Internet.
Keith Vaz, presidente do Commons Home Affairs Select Committee, contou ao jornal Times que o caso havia mostrado que "nós precisamos agir para remover esse tipo de conteúdo da Internet". Ele pediu um de código de conduta para garantir que os provedores de serviço de Internet "removam material que quebre os padrões de comportamento aceitável".
Prisão Perpétua
Bridger, de 47 anos, morador de Ceinws, Powys, afirmou que tinha executado April de forma acidental e que não se recordava onde havia colocado seu corpo. Porém, o júri, de forma unânime, condenou-o em um caso que durou quatro semanas e meia. O juíz ainda o rotulou como "mentiroso patológico" e "pedófilo". April estava desaparecida desde Outubro de 2012 próxima a sua residência em Machynlleth, o que provocou a maior procura na história da polícia do Reino Unido. Seus restos mortais nunca foram achados. Quanto a Bridge, o mesmo ganhou prisão perpétua e passará o resto de sua vida atrás das grades.
Saiba Mais:
- BBC: Search engines urged to block more online porn sites (em Inglês)
Mensagem do Sistema