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Tecnologia de Redes, Mobilidade e Inovação

Porque Internet via Rede Elétrica Não Funciona

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A idéia de transmitir dados via os cabos de energia elétrica não é nova e vem sendo muito divulgada. Essa tecnologia possui muitos nomes bonitos como PLC (Power Line Communications), PDSL (Power line Digital Subscriber Line), BPL (Broadband over Power Lines) e por ai vai.

Sempre que se fala nessa tecnologia, aparece alguém com pouco conhecimento dizendo: que maravilha, a rede elétrica tem uma cobertura fantástica, poderemos levar Internet para comunidade carentes/rurais/distantes, etc. O pacote de besteiras é grande.

O objetivo desse texto é deixar claro porque o PLC nunca irá gerar impacto no mercado de banda larga (a não ser dentro de casa, para ligar a babá eletrônica e olhe lá).

Em primeiro lugar, vamos olhar a concorrência. É verdade que o PLC usa uma infraestrutura que já existe, mas o ADSL também. E o ADSL tem uma vantagem gigantesca: o cabo é trançado. Pode parecer pouca coisa, mas em comunicação o uso do par trançado diminui em dezenas ou centenas de vezes o nível de ruído. Alguém pode lembrar que nem toda rede telefônica é trançada, que algumas instalações domésticas não tem o trançado, etc. Não importa, mesmo quando a telefonia tem trechos de fios paralelos, a distância desse paralelismo é curta.

Como o PLC não inventa nenhuma tecnologia exclusiva, temos que o PLC e o ADSL usam a mesma evolução tecnológica. Os dois usam a mesma tecnologia básica, mas o ADSL tem uma estrada asfaltada enquanto que o PLC uma estrada de terra esburacada.

Traduzindo: não importa o ano, não importa o país, o ADSL será sempre será muito mais barato e terá muito mais banda que o PLC.

Mas ai alguém lembra: os cabos elétricos chegam em localidades aonde a telefonia não chega, como zonas rurais, áreas de baixa renda, etc.

Nesses casos, a distância dessas regiões para os centros urbanos é normalmente tão grande, que o investimento simplesmente não compensa. Exatamente pelo fato das linhas de transmissão serem paralelas, o PLC necessita de repetidores (caros) a cada 2 ou 3 Km. Para uma comunidade a apenas 10Km de um centro, seriam 4 a 5 repetidores. Seria muito mais barato passar uma fibra (e olha que passar fibra não é barato) ou então fazer um enlace wireless.

A cada 6 ou 7 meses os fabricantes de PLC lançam algum press-release sobre algum case de sucesso. Eu tenho acompanhado a realidade de muitos desses "cases de sucesso" e na verdade são cases de fracasso (ou, sendo otimista, são cases de pouco sucesso), aonde os resultados obtidos são muito ruins.

E olha que eu ainda nem falei da baixa qualidade das instalações elétricas brasileiras, feitas por eletricistas "intindidos" no assunto, que geram alta reatância na rede e dificultam ainda mais a vida do PLC.

Na minha opinião, o PLC é uma curiosidade tecnologia sem aplicações práticas. Continuaremos a ver "cases de sucesso" sendo divulgados, mas nenhum impacto real na disponibilidade da banda larga.

E isso não é culpa dos fabricantes nem da tecnologia. É culpa do meio físico (cabos paralelos) que não foram feitos para transmissão de informações.

Atualizado 07-07-2009 em 08:50 por mlrodrig

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Comentários

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  1. Avatar de leandrolopeswifi
    mandou muito bem tche!!!
    quero ver os caras das companhias elétricas investir em tecnologia e levar pro ïnterior..isso eh piada!!!
  2. Avatar de alamdias
    fico imaginando, se nem minha tv, consegue escapar dos famosos chuviscos quando minha amada esposa, liga o liquidificador para fazer um suco, imagine minha internet como seria, aguentar 2 minutos de chuviscos na tv até vai, agora , ficar sem NET pq o vizinho ligou uma policorte, é teeeeeeeensssoooo !!

    Abraços
  3. Avatar de Kurt Kraut
    Aloha,

    Os modelos em teste e propostos no Brasil utilizam fibra ótica na maior parte do trajeto. São duas grandes modalidades:

    1) Ou a fibra ótica vai até uma central no poste da rua e o sinal de internet vai por rede elétrica do poste da rua até o domicílio, fazendo um trajeto bem menor que 1km.

    2) Ou a fibra ótica vai até o quadro de luz da casa, prédio ou condomínio e só deixa de ser ótico na rede elétrica interna do prédio.

    A modalidade 2 tem vingado pois consegue oferecer a velocidade que se promete em contrato, ao contrário da primeira. Então fica claro que o PLC tem absolutamente nada a ver com expansão da cobertura de banda larga, muito menos envolvendo interior, cidades de baixa densidade e nem regiões rurais.

    Fibras óticas são rentáveis ou pré-existentes onde já existe boa oferta em telecomunicações e existe alta densidade demográfica.
  4. Avatar de TiagoAraujo
    Ehh com essas repetidoras fica dificil mesmo.
    Não sabia q era assim.
    E como o amigo falou imagina vc baixando uma arquivo grande e quase acabando alguem liga o liquidificador...

    vamos ver se nesse caso da fibra fica melhor.
  5. Avatar de lucasmellon
    É só no BRASIL!!
    Aparece uma coisa nova, que ja é velha, e todo mundo acha lindo e maravilhoso. Vai lá na TV um engenheiro da cia. de energia elétrica fala asneira e todo mundo acredita. Tem gente que gosta é de novidade, isso é um vício. Vamos é ter bom censo, e acreditar realmente nas tecnologias já consagradas, ao invés de ficar sonhando com coisas sem censo!!

    Como já dito, esta tecnologia não vai causar impacto algum....
  6. Avatar de EmanuelSan
    Fiz um trabalho escolar há algum tempo sobre PLC, quero apenas tentar esclarecer alguns pontos (dentro das minha limitações eu nem me lembro da última vez que ouvi falar em reatância).

    O protocolo usado na rede elétrica é semelhante ao usado nas redes WireLess, pois está sujeito há muita interferência, ou seja, o protocolo foi feito pensando no meio em que trafega e não em cabos mais controlados como o ethernet, por exemplo (nunca li nada sobre protocolo usado no ADSL).

    Quanto a utilização, realmente não se ouve falar muito de adoção da tecnologia (Home plug/PLC indoor), mas já ouvi (de primeira mão) relato de que um provedor de acesso adotou essa solução para distribuição de banda larga num condomínio da minha ex-cidade (João Pessoa/PB), a distribuição até o condomínio era via rádio.

    Pelo que li, a PCL outdoor, que é a mais problemática, estava empacada por conta dos transformadores (o sinal não passa por eles) e não por conta da distância a ser vencida.

    As recentes notícias sobre essa tecnologia dizem que vai ser usada fibra ótica para distribuir o sinal. Apenas a última "milha" é que será feita com PLC. Ou seja, as soluções e problemas para vencer a distância estão por conta das fibras óticas e não da PLC.

    Quanto a velocidade, ela está longe das ethernets, era 7 Mbits/s quando fiz o trabalho, me parece que a velocidade quadruplicou, ou seja, está acompanhando a velocidade nominal das redes wireless, que acredito ser uma comparação mais justa, do que com outras redes onde o tráfego é mais controlado.

    Equipamentos elétricos da alto consumo como forno de microondas também interferem nas rede wireless, assim como chuveiros elétricos e liquidificadores (experimente colocar um rádio de pilhas AM/FM perto de um deles), assim fica mais justa a comparação com o PLC, não acham?

    Sobre a viabilidade econômica, realmente os equipamentos de rede wireless atuais estão bem baratos, mas acho que a quantidade de domicílios que uma companhia elétrica (fazendo às vezes de provedor internet) pode atingir deve servir para baratear e muito o preço da solução ao consumidor final. O tempo dirá.

    Eu, como consumidor, gosto de ter alternativas. Vcs de São Paulo, sempre reclamam do Speedy, que é um monopólio e blá blá blá. Ora, quanto mais gente oferecendo serviços, melhor. Eu assino banda larga em casa e ainda tenho um 3G que só funciona com EDGE (eu até estava querendo ficar só com o 3G mais vi que não dava), então meus caros, que venha a concorrência, seja PLC, seja WiMax, não interessa, eu quero é mais alternativas.
  7. Avatar de paulocwb2003
    Há algumas semanas atrás estive em um Seminário de metrologia em João Pessoa. Um pesquisador de uma universidade da Bélgica apresentou um trabalho de pesquisa em que ele fazia um estudo da interferência mútua entre diversos modems PLC na mesma rede elétrica. Esse é um problema muito pouco discutido, mas é mais um para ser superado pela tecnologia PLC.

    Ao contrário da linha de telefone, que é uma para cada modem, no PLC são vários modems pendurados na mesma linha.
  8. Avatar de rubensk
    Marcelo, como disse o Kurt, o que realmente se acredita que possa funcionar é o PLC de baixa tensão (pós-transformador) com fibra óptica até antes disso. As empresas de energia dispõe de um bem muito valioso, os direitos de passagem... a possibilidade de colocar fibras ópticas metropolitanas e de longa distância em estruturas que já se pagaram só distribuindo energia é algo que nem as incumbentes telefônicas tem.

    Já dentro do prédio é ver se as instalações "profiçionais" são piores ou melhores do que a capacidade do PLC de sobreviver a elas... sobre esse eu não tenho um palpite, pois é um meio termo entre as distâncias curtas em que certamente funciona e as distâncias longas em que certamente não funciona.
  9. Avatar de rubensk
    Citação Postado originalmente por paulocwb2003
    Há algumas semanas atrás estive em um Seminário de metrologia em João Pessoa. Um pesquisador de uma universidade da Bélgica apresentou um trabalho de pesquisa em que ele fazia um estudo da interferência mútua entre diversos modems PLC na mesma rede elétrica. Esse é um problema muito pouco discutido, mas é mais um para ser superado pela tecnologia PLC.

    Ao contrário da linha de telefone, que é uma para cada modem, no PLC são vários modems pendurados na mesma linha.
    Esse problema de acesso múltiplo já foi endereçado em duas tecnologias bastante conhecidas, a PON (Passive Optical Network) e WiMAX. Em ambas você tem um árbitro gerando mapas de tempo em que as remotas são autorizadas a transmitir. Hoje se faz isso em velocidades de 14 Mbps a 1 Gbps de largura de banda de canal, com 2 Mbps ou 100 Mbps de velocidade individual.
  10. Avatar de mlrodrig
    Citação Postado originalmente por EmanuelSan
    O protocolo usado na rede elétrica é semelhante ao usado nas redes WireLess, pois está sujeito há muita interferência, ou seja, o protocolo foi feito pensando no meio em que trafega e não em cabos mais controlados como o ethernet, por exemplo (nunca li nada sobre protocolo usado no ADSL).
    Este é um ponto importante: ninguém inventa um protocolo para wireless, ou para cabo elétrico ou par trançado. É o mesmo protocolo para todos (hoje o OFDM e OFDMA).
    Se alguém inventar amanhã um protocolo melhor, ele vai ser utilizado em PLC, ADSL, Wireless, coaxial, etc. Essa é uma característica do universo desde o Big Bang: qualquer meio de transmissão tem ruído e tem perda. Quanto maior o ruído e perda, menor a banda e mais caro o sistema.

    Por isso é que o PLC **nunca** será competitivo em relação ao ADSL ou wireless ou coaxial. Ele vai sempre estar atrás. É uma lei do universo: quem tem mais ruído sempre vai estar com menos banda. Simples assim.

    Falando de outra maneira, se amanhã alguém criar um protocolo que faça o PLC ser melhor do que é hoje, é garantido que esse mesmo protocolo, quando aplicado ao ADSL ou wireless, irá também melhora-los. Repito: é uma corrida que o PLC não tem como ganhar... nunca.

    Tem gente que acha que, por serem meios diferentes, existe alguma chance de, algum dia, alguém inventar algo melhor no PLC que não se aplique no resto das tecnologias. Infelizmente isso não é possível.

    Citação Postado originalmente por EmanuelSan
    As recentes notícias sobre essa tecnologia dizem que vai ser usada fibra ótica para distribuir o sinal. Apenas a última "milha" é que será feita com PLC. Ou seja, as soluções e problemas para vencer a distância estão por conta das fibras óticas e não da PLC.
    Basta ter um caminhão de dinheiro para fibrar, derivar a fibra, conectar no PLC e distribuir. Não me parece um cenário muito competitivo, para brigar com cable modem ou ADSL, que é ponto do meu artigo.

    Citação Postado originalmente por EmanuelSan
    Quanto a velocidade, ela está longe das ethernets, era 7 Mbits/s quando fiz o trabalho, me parece que a velocidade quadruplicou, ou seja, está acompanhando a velocidade nominal das redes wireless, que acredito ser uma comparação mais justa, do que com outras redes onde o tráfego é mais controlado.
    A questão aqui não é de justiça. Mas sim de viabilidade econômica. A conta não fecha, as operadoras PLC não conseguem competir economicamente com ADSL, wireless ou cabo. Vamos dar o troféu "honra ao mérito" ao PLC por tentar, mas ninguém vai investir seriamente nisso.

    Citação Postado originalmente por EmanuelSan
    Equipamentos elétricos da alto consumo como forno de microondas também interferem nas rede wireless, assim como chuveiros elétricos e liquidificadores (experimente colocar um rádio de pilhas AM/FM perto de um deles), assim fica mais justa a comparação com o PLC, não acham?
    Piadas a parte, o problema do PLC não é o ruído do liquidificador. É o descasamento de impedância e de indutância das redes elétricas. Qualquer casa com mais de 10 aparelhos elétricos vai sofrer desse problema fatal para a comunicação.

    Citação Postado originalmente por EmanuelSan
    Sobre a viabilidade econômica, realmente os equipamentos de rede wireless atuais estão bem baratos, mas acho que a quantidade de domicílios que uma companhia elétrica (fazendo às vezes de provedor internet) pode atingir deve servir para baratear e muito o preço da solução ao consumidor final. O tempo dirá.
    Essa é lenda, contada a mais de 10 anos. O ponto será sempre: no dia que o PLC custar R$ 1,00, o ADSL vai ter 10 vezes mais banda e custar R$ 0,10. Novamente, é uma característica do universo.

    Citação Postado originalmente por EmanuelSan
    Eu, como consumidor, gosto de ter alternativas. Vcs de São Paulo, sempre reclamam do Speedy, que é um monopólio e blá blá blá. Ora, quanto mais gente oferecendo serviços, melhor. Eu assino banda larga em casa e ainda tenho um 3G que só funciona com EDGE (eu até estava querendo ficar só com o 3G mais vi que não dava), então meus caros, que venha a concorrência, seja PLC, seja WiMax, não interessa, eu quero é mais alternativas.
    Realmente, quanto mais alternativas melhor. O ponto deste artigo é: não contem com o PLC como alternativa. Ele nunca será.
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