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acris

Usar o moodle em aulas presenciais? Você é doida?

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Já me disseram que eu pretendo transformar o curso de letras em cursinho de informática. Nem sou tão poderosa assim nem a informática tão irrelevante para os cursos de letras e humanas em geral. Mas sempre existe um jeito de frear uma professora interessada em formar profissionais competentes numa era em que o computador é imprescindível em quase todas as carreiras, até para os professores de português.
Ninguém me proibiu de usar o moodle para aulas presenciais. Somente me disseram, polidamente, que a sala de computadores tem 29 computadores e minha turma 40 alunos, portanto a sala que me foi concedida foi uma sala com quadro negro, não o laboratório. O maximo que consegui foi mudar para uma que tivesse um datashow.
Well, nao me basta. Estava aqui preparando o curso e pensando naquele monte de trabalhos entregues em papel. Tenho alergia a isso. Antiecológico e pouco prático. Para mim, a imagem do professor com um monte de livros embaixo do braço é medieval. Bom, medieval não: naquele tempo os livros eram tão grandes que os professores precisariam ser Hércules para poder carregar mais de um... Mesmo assim, imagem antiga. Prefiro professores com notebooks e faculdades com rede wireless, aberta a todos.
Quem foi que inventou que os professores da minha universidade podiam usar o moodle? Não fui eu, foi a reitoria, que instalou e gerenciou o programa para estar diretamente vinculado a seu diário de classe online. Será que a reitoria está interessada em prejudicar os cursos, baixar seu nível? Vai ver está, porque quando quero usá-lo, isso não é visto com bons olhos pelos meus superiores diretos.
Usei o sistema semestre passado, foi excelente. Apanhei muito para aprender a usar, nunca tinha usado e soube que existia com as aulas já começadas. Fiquei encantada com a iniciativa de minha própria reitoria, modernizando uma federal, abrindo caminhos e nos dando espaço. Mas quando fui a um evento e deixei uma tarefa para os alunos no moodle, fui informada por meus superiores que isso não substituia a aula. Claro. Tinha que ter um professor presente, olhando para os alunos e vendo se eles estão fazendo a "lição". Afinal, os alunos são estúpidos? NÃO!!! NÃO SÃO!!!
Se quiserem fazer a tarefa na hora do almoço ou na hora da aula, tanto faz, o que importa é fazer a tarefa. É difícil entender isso? Quem é que perde com alunos mais independentes e responsáveis? Eu, com certeza, não, eu, com certeza, faço questão de lhes apontar o caminho para ser assim.
Não importa o que digam, não importa como busquem frear essas iniciativas, eu sempre buscarei uma forma de driblar o pé que pretende me derrubar. Só continuo sem entender porquê existe esse pé.

PS: vitória recente: consegui autorização ontem, 27/fev/08, para dar aulas no maior laboratório da faculdade, usando o moodle! Detalhe: a turma agora tem 66 alunos...

Atualizado 28-02-2008 em 11:01 por acris

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Comentários

  1. Avatar de izzzy
    Gostei da iniciativa! Concordo com a Reitoria, mas acho que infelizmente o que acontece no Ocidente qdoexistem tais mudanças bem de acordo com a hierarquia, ou seja, de cima para baixo. Acredito que isso é um pequeno passo para logo mais estar concreto. Mas a onda não há como pará-la visto que o Governo Federal está adotando métodos para incluir cada vez mais o Software Livre nas Universidade, Repartições Públicas (INSS por exemplo), Banco do Brasil e Receita Federal. Vamos ter muita resistência, mas logo estaremos ao alcance de sistemas mais rápidos, mais funcionais e melhores processados.

    AnaCris, meus parabéns pelo BLOG!
    Bjos
    Izzy
  2. Avatar de Não Registrado
    Parabéns à sua visão e de sua reitora. Uso Moodle há quatro anos em apoio ao ensino presencial. Também tenho ótimos resultados. os alunos gostam de não precisarem gastar em xerox, gostam de poder recuperar as tarefas em casa se não puderam ir às aulas e gostam de fazer suas tarefas no tempo próprio.
  3. Avatar de Não Registrado
    Eu, como aluno, odeio com todas as minhas forças a idéia de copiar quadros e quadros de matéria de um curso de Ciência da Computação em pleno ano de 2008! Parece piada, mas infelizmente acontece. É como usar fita k7 pra ouvir música...
  4. Avatar de acris
    Gostaria que meus alunos também pensassem assim... Muitos deles, no entanto, não tiveram nem jamais terão a oportunidade de aprender a aproveitar essas chances. Especialmente porque o preconceito ainda vigora. Ainda... não é pra sempre.
  5. Avatar de Não Registrado
    Olá Professora,

    Muito legal sua visão sobre o uso do moodle na universidade. Gostei bastante. Já tive a oportunidade de implantar o moodle um um centro universitário e foi muito boa a experiência com alguns professores que se mostraram interessados no assunto como vossa pessoa. Pena que o projeto não foi para frente e mudou para um rumo diferente. Mas mesmo esse rumo alterado, mostrou-se interessante até o dia em que (além de funcionário também era aluno da instituição) cursei uma disciplina totalmente online e vi o professor literalmente arrancar o coro dos alunos na matéria. Era muito difícil acompanhar a enxurrada de textos para leitura e trabalhos para escrita. Até por que, a grande maioria dos estudantes do horário noturno estão neste por trabalhar nos outros horários. Eu, mesmo gostando muito dos avanços tecnológicos envolvidos na ferramenta, passei a preferir a aula presencial por ser muito mais fácil de acompanhar. Para mim, isso prejudicou a imagem do EAD. Por favor, não caia no mesmo erro.

    Jovane Marques
  6. Avatar de acris
    Obrigada, Jovane.
    Eu só gostaria de acrescentar que o exagero na quantidade de material para leitura e de exercícios não é um problema exclusivo de aulas online, pelo contrário, acontece muito em aulas presenciais. Os professores, com a imensa quantidade de conteúdo que precisam passar, ficam diante de um impasse:
    - ou passam todo o conteúdo com muita leitura e muito exercício
    - ou ensinam os alunos a pensar a disciplina, passando somente uma parte do conteúdo mas insistindo na lógica da disciplina.
    O primeiro caso é questionado porque a overdose não seria produtiva, o segundo caso é questionado porque parte do conteúdo não é passado.
    Eu acho que a primeira alternativa impede que se aproveite o potencial das ferramentas online, e confesso que não acredito que estudar pra prova ensine muita coisa.
    Mas vai muito da experiência profissional de cada professor.
  7. Avatar de Alessandro Rocha
    Obviamente, posso responder somente por mim. está sendo uma experiência fantástica ter aulas por meio do moodle. É a primeira vez que tenho uma aula assim. No começo, fiquei um pouco desconfiado quanto à eficácia. Deve ser isso que muitos sentem. A diferença é que paguei para ver. Está sendo muito bom para mim. Consigo me programar melhor; continuo tendo interação com os meus colegas e a minha professora; e mantenho a memória (registro) de todas aula, de fácil acesso. Ana Cris, parabéns por enfrentar tal desafio!
  8. Avatar de acris
    Oi, Alessandro,
    Você teve coragem e boa vontade de tentar: parabéns! Já vi professores da USP (de semiótica) passarem pelo mesmo problema e enfrentarem do mesmo modo. SAbe o que me disseram? O mundo está evoluindo, a internet é um fato, precisamos aprender.
    Eu não fico magoada com alunos que não querem tentar: eles tem o direito de escolher. Só fico preocupada com eles quando penso em suas carreiras, num mundo que exige esse conhecimento mais e mais.
    Eu agradeço a você e a todos que tiveram a coragem de continuar: permitem que eu aplique todas as possibilidades metodológicas do ambiente online e também permitem que eu lhes ajude um pouquinho na construção de suas carreiras, o que me faz muito feliz.

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