Depois de reclamarem contra o plano oficial para popularizar o serviço de banda larga no Brasil, as empresas de telefonia baixaram o tom das críticas ao se reunirem ontem com a ministra-chefe do Casa Civil, Erenice Guerra. Por trás do recuo de Tim, Oi, Vivo, Claro e Telefonica estão as compensações que serão oferecidas pelo governo. A decisão de injetar R$ 3,5 bilhões para ressuscitar a Telebrás virá acompanhada de isenções fiscais, que ainda serão anunciadas.

Após o encontro, os presidentes das empresas descartaram recorrer à Justiça contra uma possível concorrência desleal pela Telebrás e afirmaram que estão interessadas em integrar o chamado Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). "É leviano e prematuro falar em ação judicial antes da publicação do decreto, que deve sair na semana que vem", disse o presidente da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), Antônio Carlos Valente, que também preside a Telefonica.

O Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil) chegou a emitir um comunicado, publicado nos principais jornais do país, no qual considerava que a entrada da Telebrás poderia violar as leis e distorcer o funcionamento do mercado. Ao sair da reunião com Erenice Guerra, o discurso do presidente da entidade, Eduardo Levy, havia mudado. "Podemos chegar a um denominador comum. A Justiça é sempre a última opção quando se discute algo de interesse comum", disse. Também participaram do encontro o secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Roberto Pinto Martins , o coordenador de Projetos de Inclusão Digital do governo, Cezar Alvarez, e o futuro presidente da Telebrás, Rogério Santanna.

Fazer as contas
No fim da reunião, os presidentes das grandes operadoras deram respostas evasivas sobre o encontro à espera do decreto presidencial que vai especificar como o PNBL será implementado. "Tem que detalhar e ver o que vai acontecer com a publicação do decreto", disse Valente. O presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, desconversou. "Achei bacana. Tem várias coisas legais", afirmou de forma lacônica. Ele garantiu não saber se é possível oferecer a banda larga a R$ 15 mensais para o consumidor, mesmo com conexões mais lentas, como pretende o governo. "É preciso fazer as contas", assegurou.