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  1. #1

    Padrão Mercado Brasileiro de Telecom caminha para a centralização - de novo.

    No ultimo dia 28 de março, acordei com a noticia de que o grupo CCR havia vendido a SAMM por R$ 100 milhões de reais. Por algum motivo, essa noticia me acendeu um alerta curioso e conversando com um amigo, decidi expor para vocês a minha visão do tema: o mercado brasileiro de telecom caminha para a centralização. Talvez em 10 anos, talvez em 20, talvez um pouco mais. Mas tudo acabará na mão de 3 ou 4 players.

    Como estou neste mercado desde os meus 15 anos (mais uns dias e estou com 40), cansei de fazer previsões e acerta-las. Alias, mais de duas decadas trabalhando exclusivamente com telecomunicações, me conferem alguma experiencia que está até mesmo registrada aqui (principalmente no meu POST de anos atrás sobre o PNBL. Falando nisso, alguém sabe da Telebras?).

    A SAMM era a ultima operadora focada em entrega de circuitos, com um core realmente de operadora. Equipe tecnica competente, SLA's sempre cumpridos, equipamentos de primeira linha, rede toda praticamente enterrada e atendimento rápido. Confesso que não gostei nada desta noticia. A SAMM era uma operadora em que se podia espelhar e certamente tudo mudou e vai mudar é claro, para a pior.

    Mas o que mudou com ela nos ultimos anos? Ela quis deixar de ser uma operadora "elitizada e cara" para acompanhar os valores de mercado. E os valores atuais praticados pelo mercado, NÃO compensam, logo... tchau operação de Telecom e vamos focar em estrada que dá mais dinheiro.

    Operadoras focadas em circuitos de longa distância como a SAMM são poucas e tem dificuldades extremas para atender as grandes distancias que ela atendia - até mesmo pela facilidade de pertencer ao grupo CCR que detem a maioria das rodovias privatizadas no Brasil e na area de atuação que ela detem cabeamento, não havia problemas de uso da faixa de dominio nem de manutenção.

    É comum nos grupos de provedores, gestores/proprietários de provedores a quantidade imensa de reclamações com a entrega de circuitos. Parece que estamos em um mercado completamente amador onde nada funciona.

    É fato que o mercado de telecom brasileiro está saturado de más prestadores de serviços. Fusões, aquisições, participações de grupos de investimento estrangeiros, IPO's surreais (quando uma empresa abre seu capital na bolsa de valores), não refletem a realidade nacional.

    Grupos de investimentos estrangeiros sairam comprando diversos provedores em uma colcha de retalhos impossiveis de se entender e administrar na "gana" de alugar fibras para o "frenesi" mundial inexplicavel de instalação de antenas 5G ou aplicar o conceito de "rede neutra" e lucrar com isso. Acontece que ninguém quer e ninguém quis. De fato, ninguém se interessou e a maioria não entendeu realmente. Quem entendeu, viu que os custos aplicados não são viaveis para operações a maioria das operações e simplesmente, abandonaram a idéia. O 5G, não faz e não fez diferença na vida de ninguém a nivel mundial. Alias, tem quem prefira o 4G a instabilidade constante do 5G pelo baixo numero de antenas e pela burocracia extrema do brasil para suas instalações. Eu mesmo sou um deles.

    Já que falamos de custos, temos de citar a vontade a MUITOS anos da Telecom Italia se livrar de sua operação no Brasil com a TIM. (a parte fixa já foi vendida em novembro de 2023). O fato é que o brasil é muito complicado, com valores MUITO BAIXOS quando consideramos os planos nos EUA e Europa respectivamente em dolar e euro. Soma-se a isso uma moeda em constante desvalorização que faz com que o acionista receba menos e o investimento - que é sempre em dolar - se torne ainda mais caro e dificil.

    A matemática é pura e simples e não precisa ser um economista de primeira linha para ver como é dificil se manter por aqui e lucrar por aqui. A CONTA NÃO FECHA e não vem fechando a anos. É só procurar a quantidade de dividas acumuladas por grupos de telecomunicações de todos os tamanhos.

    Na contra-mão temos os IPOS surreais. Empresas abriram capital na bolsa e chegaram a um custo de ação próximo da VIVO. É evidente que tudo isso era apenas na abertura. Hoje, as ações viraram pó e as empresas tem de informar suas estratégias e se explicar para a CVM. O mercado percebeu que só louco coloca dinheiro nelas. Quem ganhou dinheiro no IPO ganhou, quem não ganhou perdeu muito e vai continuar perdendo pois a recuperação a niveis de IPO é impossivel e explico: é impossivel para essas operadoras continuarem a crescer seus lucros, diminuindo o valor dos seus planos e tendo como meta principal a venda de planos de entrada na casa dos R$ 79,90. Mais uma vez, parecem não saber fazer contas: moeda desvalorizando, custo dos equipamentos em dolar, custos de manutenção subindo, impostos subindo.

    Os informes são quase sempre os mesmos. Vamos segregar aqui, terceirizar ali, vender aqueles municipios e baixar o nivel da divida. Nada disso vai adiantar e não vem adiantando e então... as vendas e fusões acontecem e vão acabar, mais dia ou menos dia, parando na mão de uma VIVO ou CLARO, sendo absorvido as redes e fechadas na sequencia assim como foi a GVT.

    Muitos capitulos estão por vir e vamos assistir a muita quebradeira e pedidos de recuperação judicial (como diversos nos ultimos anos).

    Se uma Oi e uma TIM não estão aguentando, o pequeno e medio que não tem experiencia em administração de empresas também não vai. A estratégia de "dar" tudo para o cliente, fazer manutenção de graça e ter planos baixos em discordancia mundial está quebrando as empresas e o setor de telecomunicações. A qualidade foi-se embora a muito tempo. As empresas precisam percebem que é necessário SIM, usar cabos de qualidade, é necessário SIM, ter um core de rede de qualidade, anel otico, redundancia, dupla ou tripla, equipe capacitada e SIM, é necessário aumentar com urgencia o valor cobrado do cliente, mantendo a banda atual ou até mesmo, REDUZINDO. Mais banda é mais processamento, mais processamento é mais equipamentos, custos, etc.

    Parece que ninguém entendeu essa conta ainda e continua a forçar os preços do mercado brasileiro, artificialmente para baixo.

  2. #2
    Avatar de Nilton Nakao
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    Padrão Re: Mercado Brasileiro de Telecom caminha para a centralização - de novo.

    Zucchi antes fosse só o setor de TELECOM, farmacêutica, alimentícia, automotiva, química, bebidas e logo agronegócio estão se funilando para dois ou mais grupos e cada grupo com N empresas.

    Nessa de querer manter capital interno com intervenção do governo, alguns surgiram como ditadura, comunismo ou mesmo acabou afundando o país.

    Tim está quebrado desde a sua matriz na Itália e intervenção do governo só atrasou para se alastrar; Oi foi criado no intuito de querer ser a maior do país e talvez no continente sul americano, quebrou sozinha e vendo do setor móvel nada adiantou e isso previ tão logo fora privatizados as teles estatais exceto São Paulo.
    Empresa do continente América Móvil tem 370 milhões de clientes, sendo a maior da América Latina; Telefônica com 350 milhões( A. Latina e Europa ) mas as três Américas contam com pouco mais de 900 milhões de habitantes e só a China Mobile tem 940 milhões de assinantes..
    Onde moro tem 5 ISPs com fibra numa população de 18 mil habitantes, município-sede com 12 mil; acredito que se não fosse lucrativo não teria nenhum; quando tinha apenas um custava R$ 88,00 num plano de 1 Mega cerca de 12 anos atrás, hoje com R$ 90,00 e mesmo ISP com 60 Megas lembrando que precisava de autorização específica para instalação de um roteador que custava R$ 300,00.

    Quem trabalha ou lida lucro nunca tem, rendimento é 1% no muito 3% descontado o aumento populacional, inflação, previsão de investimento e todo custo operacional.
    Na Itália por anos tem sofrido com redução de mão de obra ativa, um alerta que acendeu vários governos de todos os continentes; em 2023 o país viu a estagnação ou próximo dela na mão de obra ativa por conta de imigrantes. Na história no Brasil principalmente São Paulo não foi diferente tirando Minas Gerais, Rio de Janeiro e nordeste do estado para uma única cidade; muitos estados tem sua população reduzida quebrando as empresas locais.