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Tecnologia de Redes, Mobilidade e Inovação

O IEEE802.22 vai fazer pelos WISPs o que o WiMAX não fez

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Na minha opinião o WiMAX morreu. Ele ainda não caiu no chão e nem foi enterrado, mas isso demora mesmo. Com já disse em outros posts, foi como Betamax x VHS e Blue Ray x HD-DVD, um caiu para o outro poder seguir.

No mundo o LTE está ganhando força e mostrando ser uma solução com maior embasamento. O LTE foi criado pelos fabricantes que conhecem mercado de celular, então vem de berço as suas características. O WiMAX foi uma tentativa dos fabricantes de dados em entrar nesse segmento. Pelo visto não deu certo. Obviamente que sempre pode surgir um fato novo e mudar o cenário, mas não aposto nisso.

Sei que alguns vão me criticar pelas minhas afirmações. Talvez alguns tragam links para "informações positivas" sobre o WiMAX. Tudo o que vejo de positivo é nota de imprensa dos próprios fabricantes. Muitas dessas notas de imprensa são notícias "forçadas", a lá Leão Lobo: eles não inventam mais aumentam.

O LTE já está, este sim, sendo considerado seriamente pelas grandes operadoras em todo o mundo como caminho para o 4G.

Para o WiMAX, vai sobrar um premio de consolação: vai virar sinônimo de rádio 5,8Ghz. Hoje em dia, qualquer fabricante de rádio 5,8Ghz 802.11a está chamando o seu equipamento de solução WiMAX (e os clientes estão aceitando). Vai ser isso, WiMAX virará sinônimo de 5,8Ghz, sem muito efeito prático.

Mas não esse o objetivo principal do meu post. Quero falar do padrão IEEE 802.22, este sim tem um potencial incrível para os provedores de acesso Internet, WISPs e mesmo usuários corporativos (e até domésticos em geral).

Antes um pouco de teoria...

** A Freqüência, o Alcance e a Transmissão **

É uma lei da física que, quanto maior a freqüência de um sinal, menor o seu alcance (considerando que todas as outras condições de mantenham). Não vale a pena (nem é objetivo deste post) mostrar toda a teoria que prova isso. Acreditem: quanto maior a freqüência, mais difícil é transmitir.

Assim um equipamento em 5,8 Ghz tem um alcance muito menor que um outro, de mesma potência, modulação e ganho que trabalhe em 900 Mhz.

Outra informação importante é que nenhum equipamento transmite "exatamente" na sua freqüência. Por exemplo um rádio WiFi 2,4 GHz no canal 1 deveria emitir sinal apenas entre as freqüências 2,401 a 2,423 GHz. No entanto não existe rádio no mundo que consiga essa proeza (também tem a ver com as leis da física do nosso universo), assim esse rádio acaba transmitindo um pouco além. Inclusive um dos testes de homologação da Anatel é esse: quanto o rádio acaba emitindo fora da sua freqüência ideal; se for muito, o rádio não é homologado.

Dessa forma, existe um espaçamento entre as freqüências, para que um rádio não atrapalhe o outro. Usando exemplos do WiFi o canal 1 vai de 2,401 GHz à 2,423 GHz enquanto que o canal 6 (que é o próximo não sobreposto) vai de 2,426 GHz à 2,448 GHz. A faixa de 2,423 GHz à 2,426 GHz funciona como uma freqüência de guarda.

** Os Espaços em Branco **

Ainda não vi nenhuma tradução em português para o termo "white spaces" que o 802.22 trata (se alguém souber uma tradução melhor, além da tradução literal, me avise por favor).

Explicando o que é isso com exemplos: em canais de televisão, entre o canal 4 e o canal 5 temos o canal de guarda entre 72MHz e 76MHz. Quando surgiram os primeiros televisores, eles precisavam de um canal de guarda grande. Agora esse espaço é exagerado.

Além disso nem todos os canais são utilizados. Nenhum lugar utiliza o canal 1, 2, 3, 4, 5 por exemplo. Isso gera uma distorção: enquanto os mortais (nós) ficamos apertados em 2,4 e 5,8 GHz, vários canais (em baixa freqüência, lembre-se: baixa freqüência == alto alcance) vários canais ficam sobrando.

É como pegar um ônibus aonde a primeira poltrona é para o prefeito, a segunda para os vereadores, a terceira para o escrivão, etc. e somente a última poltrona é para o público em geral. Como quase nenhum desses privilegiados viaja de ônibus, acaba ficando todo mundo apertado enquanto o resto do ônibus viaja vazio.

Isso é ainda pior no interior, em cidades menores. Quantos canais abertos tem nas cidades do interior? Pouquíssimos. E por sinal são as cidades pequenas que mais precisam de conectividade wireless para compensar a falta de presença das grandes operadoras.

A indo mais além dos canais de TV UHF, e o canais VHF, são dezenas e dezenas. Um mar de canais, livres, em baixa freqüência, ideais para o tráfego em longa distância. Por exemplo um rádio de 250 mW em 80MHz teria alcance de dezenas de quilômetros de raio.

E vamos mais além: e as freqüências de rádio AM? FM? E olha que estamos citando apenas algumas. Tudo com grandes espaços sem uso (esses são os "espaços em branco")

** O IEEE 802.22 e os Espaços em Branco **

Existe um movimento nos EUA para liberar esses buracos da mesma forma (ou parecido) à liberação do 2,4 GHz ou 5,8 GHz para aplicações de tráfego aberto, tanto para provedores como para a população em geral. Dentro desse processo essas redes chamadas de Wireless Regional Area Network (ou WRAN) seria padronizadas dentro desse novo padrão IEEE 802.22.

Existem vários obstáculos a serem vencidos, tanto tecnológicos como burocráticos. Nos próximos artigos vou detalhar melhor esse padrão, os desafios, as críticas e - o pouco de informação - que temos para o Brasil.
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Comentários

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  1. Avatar de rubensk
    Citação Postado originalmente por mlrodrig
    A Alcatel-Lucent já anunciou que vai focar em LTE e diminuir o desenvolvimento de Wi-MAX
    Alcatel-Lucent refocuses WiMAX business to support LTE | MuniWireless
    O caso da Alcatel é mais político, pois ela precisa mostrar comprometimento com LTE para conseguir contratos com as operadoras norte-americanas. Por outro lado, os clientes asiáticos da Alcatel tem grande demanda por WiMAX porque querem algo para já, não para final do ano que vem.

    O jeito que a Alcatel encontrou para conciliar isso foi fazer esse anúncio, mas continuar o desenvolvimento com foco no mercado asiático. O mercado oriental ainda é segregado o suficiente para isso.

    Citação Postado originalmente por mlrodrig
    Nokia e Nortel (ou ex-Nortel) também. Os fabricantes estão abandonando o barco do Wi-MAX rapidamente. Motorola não fez nenhum anuncio especial, mas os seu foco em desenvolvimento LTE é muito maior que Wi-MAX.
    A Nortel estava se despedaçando e cortava qualquer produto que não tivesse um pedido firme de compra... a Nokia Siemens sim, ao lado da Ericsson, foram empresas com decisões sólidas de não ter produtos WiMAX. A Ericsson é especialmente agressiva na defesa do LTE, e a Nokia Siemens mais silenciosamente também não ajuda.

    Quanto à Motorola, ela é uma das que mais fabricou equipamentos WiMAX no mundo e tem uma solução de mobilidade que supera em probabilidade de sucesso de hand-over as dos outros fabricantes. Um dos grandes clientes da Motorola é a Sprint/Clearwire, que está caminhando para ser o maior deployment de WiMAX do mundo. Uma notícia sobre a Motorola:
    Motorola, Inc. :: Motorola Ships One Millionth WiMAX CPE Device, Announces Brda at 4G World Keynote


    Citação Postado originalmente por mlrodrig
    Repare que não estou falando do "Wi-MAX" do tipo história de vendedor de rádio 5,8GHz, mas sim do Wi-MAX de verdade (hoje em 3,5GHz ou 2,5GHz).
    Eu também, só adicionaria à lista a faixa de 2.3 GHz, que apesar de não ser reconhecida pelo IMT-2000 como 4G (ao contrário do WiMAX em 2.5 GHz que é parte do IMT-2000), tem milhões de asiáticos utilizando, e alguns caribenhos (Jamaica).

    Citação Postado originalmente por mlrodrig
    Huawei nunca foi um fornecedor tradicional de redes celulares. De qualquer maneira ela está com o um pé em cada barco.
    A quantidade de ERBs Huawei visíveis no ceu paulistano discorda um pouco disso... a Oi compra Huawei que nem pão quente, Vivo GSM é 80% Huawei. AEIOU também é Huawei, mas é pequena... algumas operadoras que já eram GSM compraram 3G da Huawei.

    Mas sim, a Huawei é agnóstica, mas não faz discurso ambíguo. Ela prega como vantagem suportar as múltiplas tecnologias e os chassis de WiMAX, HS(D)PA(+) são os mesmos, podendo inclusive colocar GSM, HS(D)PA(+) e WiMAX no mesmo chassis de ERB.

    Citação Postado originalmente por mlrodrig
    O mercado de provedores de acesso Internet nunca seria capaz de representar um volume de negócios adequado para pagar o desenvolvimento de uma tecnologia complexa como essa.
    Certamente, e a aposta da Intel é que em se chegando a grandes volumes é que a superioridade fabril dela seja determinante no sucesso dessa tecnologia.

    Citação Postado originalmente por mlrodrig
    Na mesma época que o Wi-MAX chegou à mobilidade que o LTE ficou pronto. Ao meu ver, não foi caso de reorientação deixar fornecedores perdidos. Ao meu ver foi a concorrência (LTE) ter chegado, e com tanta força, que abalou o Wi-MAX.
    O LTE não está pronto, pode-se colocar uma rede WiMAX móvel no ar desde 2008 com equipamentos de produção e isso ainda não é possível com LTE.

    A coincidência porém da crise global com o momento em que o WiMAX móvel ficou disponível comercialmente foi sim desastrosa para o WiMAX, pois a vantagem que ele tinha para o LTE em estar pronto antes está sendo comida pelo tempo em que não há capital disponível para redes que são muito custosas com qualquer tecnologia.

    Citação Postado originalmente por mlrodrig
    Nunca disse isso. O problema do Wi-MAX é não ter o mesmo apoio de empresas que entendam do mercado móvel que o LTE. Tecnologicamente eles são muito parecidos.
    A Motorola é uma que não vai gostar do que você disse... :-)

    Citação Postado originalmente por mlrodrig
    Como eu disse no texto, o prêmio de consolação do WiMAX vai ser virar sinônimo de 5,8GHz. É como alguém que ia ganhar sozinho a Mega-Sena acumulado, agora ter que se contentar com o vaso pintado a mão do bingo da igreja...
    Não no que depender da Intel, que quer que WiMAX seja a tecnologia da "hot zone", expansão do "hot spot" para bairro ou metrópole.
  2. Avatar de kleberbrasil
    Citação Postado originalmente por armc_2003
    Um detalhe: Quanto maior a frequencia, "menor" o alcance e maior a banda passante.
    Mas quanto menor a frequencia, maior o alcance e MENOR a banda passante.
    Ou seja frequencias muito baixas não servem para NADA para um provedor.
    Existea teroria da relatividade. Quem diaria que em 2.4 Ghz passaria 150 Mbps? Depois do 802.11 N isso fi possível. Prefiro não ser tão pessimista.
  3. Avatar de Cabelo
    Pessoal, soube que o governo tem um plano de utilizar a faixa de 700 Mhz para servir como canal de retorno da TV Digital e até mesmo para Internet, devido ao tamanho do bloco ( 55 Mhz )
    Soube também que o plano é utilizar uma tecnologia Ainda em desenvolvimento pela Unicamp e a Federal de Pernambuco chamada Wimax 700, será que vinga ?????
  4. Avatar de mlrodrig
    Citação Postado originalmente por rubensk
    O caso da Alcatel é mais político, pois ela precisa mostrar comprometimento com LTE para conseguir contratos com as operadoras norte-americanas. Por outro lado, os clientes asiáticos da Alcatel tem grande demanda por WiMAX porque querem algo para já, não para final do ano que vem.

    O LTE não está pronto, pode-se colocar uma rede WiMAX móvel no ar desde 2008 com equipamentos de produção e isso ainda não é possível com LTE.

    A coincidência porém da crise global com o momento em que o WiMAX móvel ficou disponível comercialmente foi sim desastrosa para o WiMAX, pois a vantagem que ele tinha para o LTE em estar pronto antes está sendo comida pelo tempo em que não há capital disponível para redes que são muito custosas com qualquer tecnologia.

    Não no que depender da Intel, que quer que WiMAX seja a tecnologia da "hot zone", expansão do "hot spot" para bairro ou metrópole.
    Para não dar uma resposta muito longa, vou responder citando opiniões de terceiros (links externos)

    1) Telephony Online: artigo comentando o esvaziamento do WiMAX

    PureWave enters increasingly less crowded WiMax market

    2) Phone+ Magazina: Clearwire já começa a considerar migrar para LTE.

    Clearwire Says It Could Ditch WiMAX for LTE

    3) Em nenhum momento a Intel disse que queria WiMAX como tecnologia de hot-zone.

    WiMAX Technology

    Trecho onde a Intel aponta o WiMAX como tecnologia wireless 4G para dados, video e voz:
    "As the fourth generation (4G) of wireless technology, WiMAX delivers low-cost, open networks and is the first all IP mobile Internet solution enabling efficient and scalable networks for data, video, and voice"

    Em nenhum momento é usado os termos "hot-spot" ou "hot-zone" para descrever a tecnologia. O WiMAX sempre foi apresentado pela Intel como tecnologia celular 4G (isso é o que significa o termo 4G).
    Atualizado 20-09-2009 em 20:35 por mlrodrig
  5. Avatar de xadouron
    Fico impressionado com mlrodrig,

    Os posts deles são muito bons.

    Abs,
  6. Avatar de mlrodrig
    Mais um artigo, com uma visão muito parecida com a minha quanto ao WiMAX, seus problemas e as causas dos problemas:
    Can WiMAX chipset vendors find a place in the LTE world? - FierceBroadbandWireless

    Ele foi escrito 5 dias depois do meu artigo... não estou dizendo que ele foi copiado. Estou apenas deixando claro que não copiei nada do artigo citado acima.
  7. Avatar de mlrodrig
  8. Avatar de MarceloGOIAS
    Xiiiii,

    o autor do tópico misturou tudo. Para começar: quanto maior a frequência menor é a banda passante??? Onde você aprendeu isso?
  9. Avatar de mirac
    O que eu pecebo eh que o autor tem uma visao muito americanizada e teorica do mundo wimax.
    O wimax nao eh somente EUA e Finlandia.
    Afinal a lingua mais falada no mundo nao eh ingles e sim chines, portanto eh muito prematuro para fazer velorio do wimax sem incluir acontecimentos do wimax no continente Aseatico.
  10. Avatar de mlrodrig
    Citação Postado originalmente por mirac
    O que eu pecebo eh que o autor tem uma visao muito americanizada e teorica do mundo wimax.
    O wimax nao eh somente EUA e Finlandia.
    Afinal a lingua mais falada no mundo nao eh ingles e sim chines, portanto eh muito prematuro para fazer velorio do wimax sem incluir acontecimentos do wimax no continente Aseatico.
    Nos últimos 6 meses (quando o LTE realmente decolou) não aconteceu nada de significativo para WiMAX no continente Asiático. A ação real está ocorrendo no lado LTE.

    Aqui vai alguma leitura sugerida:
    3GPP - LTE Asia signals success for 3GPP
    Motorola Events - Asia Pacific | LTE Asia 2009
    LTE vs. WiMAX: The 4G Wireless War *|*Technologizer

    O mais interessante é este:
    Wimax needs China, says F&S | Telecom Asia

    É do dia 08 de Outubro e esta é a parte mais significativa:
    "These estimates could double if China backs the standard – which is unlikely, given that it has consistently opposed Wimax in international standards bodies."

    Vamo também ouvir os fabricantes Asiáticos
    ZTE's OneNetwork Solution for Smooth Evolution to LTE - ZTE Corporation
    Huawei*-*LTE

    É verdade que esses fabricantes também possuem soluções WiMAX. Mas a coisa está assim: praticamente todos os os grandes fabricantes de solução móvel estão em LTE, mas cada vez menos fabricantes estão em WiMAX.

    Japão, Coréia e demais países estão em situações semelhantes.

    Tem o anuncio de uma rede WiMAX nova na Jamaica que a meu ver não é uma grande passo para o sucesso do WiMAX.
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