A História das Coisas (ou, Nesse Mato Tem Coelho!)
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em 18-10-2009 às 09:27 (3715 Visualizações)
Em meu post anterior (no Alma Livre) Por que o cidadão consciente deveria optar pelo software livre, sem restrições?, fiz uma conexão entre a obsolescência planejada, o consumismo e a velocidade da transformação tecnológica, deixando implícito que essa transformação rápida da tecnologia não é necessária, nem tampouco, saudável para a sociedade.
Existe um filme disponível no site Youtube entitulado The Story of Stuff, e sua versão dublada em português A história das coisas. O filme trata de explicar como funciona o processo de extração de matérias primas, transformação em produtos, distribuição aos consumidores, até seu descarte nos lixões ao redor do planeta. O filme é tão dinâmico, didático e fácil de entender, que até meus filhos gostaram de assistir.
O vídeo pode ser visto também aqui: http://vodpod.com/watch/2303160-untitled?pod=stellarium
Ok, mas o que tem isso a ver com o software livre ou com esse blog? Eu diria que muito, se não tudo. Vejamos: o maior fornecedor mundial de software é, também, dominante do mercado. Com essa posição, a prática da obsolescência planejada é uma prática muito lucrativa, já que obriga seus consumidores (sim, é isso que você é para eles, não uma pessoa, um ser humano) a migrarem de uma versão mais antiga para uma mais nova, mantendo o giro do negócio. Mas porque esse fornecedor de software tem participação no aumento de lixo tecnológico mundial?
Faça as contas:
- A cada 5 anos, aproximadamente, a empresa troca seu sistema operacional por uma versão mais nova.
- Cada versão mais nova exige computadores mais potentes, com mais memória, mais espaço para armazenamento, mais velocidade de processamento, o que implica em mais consumo de energia e mais emissões de carbono na atmosfera.
- As máquinas antigas são descartadas sem a menor preocupação com a reciclagem e com o destino dos materiais empregados na sua construção, muitos deles tóxicos.
- As próprias atualizações de uma mesma versão de sistema provoca um aumento na necessidade de potência de máquina.
- O fato do sistema ser vulnerável, obriga o consumidor a utilizar programas extras (antivirus, antispyware, firewall, etc.),que também exigem sua cota de processamento da máquina e, o consumidor, é obrigado a comprar uma máquina que suporte toda essa carga.
- A indústria de hardware é pressionada pela de software a buscar soluções cada vez mais velozes. Isso se dá não porque o hardware é lento e obsoleto mas, principalmente porque o software é mal feito, ou seja, não há uma metodologia para racionalizar o código fonte dos programas. Por exemplo, um programa que poderia fazer uma tarefa com 1000 linhas de código, tem 3000 ou 4000 linhas porque utilizam-se métodos não racionalizados de programação. Isso exige mais processamento e, consequentemente, mais potência da máquina.
As montanhas de lixo tecnológico estão aumentando, também, porque alguns fabricantes que dominam o mercado mundial de informática precisam garantir o lucro dos acionistas.
O software livre, a começar pelo GNU/Linux, não exige computadores potentes para fazer o mesmo que o sistema operacional mais popular faz, com mais qualidade, mais segurança e mais eficiência de código. Isso significa que você não precisa comprar um computador a cada 3 ou 4 anos só porque seu fornecedor lançou um sistema mais novo. isso diminui a pressão pelo desenvolvimento de máquinas mais poderosas, aumenta a vida útil dos equipamentos existentes, ajudar a diminuir o lixo tecnológico e economiza dinheiro, o seu dinheiro, que deixa de ir para os acionistas dessas grandes empresas.
Bom, se você acha que estou sendo pessimista e alarmista, assista ao filme e tire suas próprias conclusões. Depois, considere sinceramente, começar a utilizar software livre para ajudar a despoluir o planeta.
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