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Imprensa: esconder informação vende jornal?

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Hoje eu venho contar pra vocês uma história da imprensa brasileira. Afinal, o que fazemos aqui também é imprensa.

Comecei meu dia de domingo ligando para o jornal Estado de Minas para cancelar minha assinatura. Não fiz isso antes porque acreditava que, mais cedo ou mais tarde, a justiça seria feita. Ainda está a caminho, mas cansei de esperar e continuar pagando. Mesmo os míseros 22 reais mensais para receber o jornal nos fins de semana já é muito dinheiro nas atuais circunstâncias políticas que acabam me envolvendo, pois sou professora e pesquisadora da UFMG. Em última análise, estou pagando para ser difamada.

Se você é de Minas Gerais já deve saber que o Estado de Minas vêm, há algum tempo, publicando notícias acusatórias contra a UFMG.

Começou com uma ação do TCU sobre uma possível ilegalidade de atos da Fundep. A Fundep é a instituição que gere a maioria dos grandes projetos de pesquisa da UFMG e fornece diversos tipos de suportes aos pesquisadores. A ação do TCU questiona o fato da Fundep, por exemplo, usar dinheiro ganho com esses processos para construir prédios na UFMG. A ilegalidade desses atos (não se trata de desvio de verba, mas desvio de alcance da atuação da fundep) é questionável e está sendo decidida na justiça. A comunidade de pesquisadores da UFMG têm se mostrado preocupada com isso pois a Fundep cumpre um papel importantíssimo para a pesquisa. Mas é importante frisar: a Fundep e a UFMG são instituições diferentes.

Acontece que, na esteira da divulgação dessa ação do TCU, o Estado de Minas passou a divulgar denúncias anônimas sobre a gestão da UFMG, da reitoria à distribuição de bolsas. Nossa, que prato cheio para a imprensa, falar mal da maior universidade mineira, a terceira maior do Brasil, e sem ter que dizer de onde veio a denúncia. Ninguém sabe o que é Fundep, mas UFMG...

Desde o início a UFMG vem questionando e investigando essas denúncias, mas todas as respostas desta instituição àquele jornal foram sumariamente ignoradas pelo referido jornal, que continua publicando denúncias sem dar chance de resposta à UFMG.
Venho acompanhando as tentativas de conversa da UFMG porque as respostas da UFMG e todo o processo foi enviado para a nossa comunidade por e-mail. Mas isso ficou restrito ao nosso conhecimento. O grande público, hoje, abre a página do jornal (recuso-me a colocar o link deles; se quiser, procure no Google) ou, como eu, pega o jornal e vê na primeira página numa enorme tarja preta o cantar de galo dessa imprensa parcial de ter recorrido da liminar que havia concedido à UFMG o direito de resposta. A UFMG demorou muito a pedir esse direito na justiça. Assim como eu fiquei pagando pra me difamarem, a UFMG também acreditou que o jornalismo não estaria agindo de má fé e, mais cedo ou mais tarde, mostraria o outro lado da moeda. Afinal, jornalismo decente é aquele imparcial, que traz os fatos ao leitor, e não o que manipula a opinião do leitor escondendo informações.

Vejam, não estou questionando aqui o fazer da TCU, nem da Fundep, nem da UFMG. Sou nova nessa universidade, mas posso garantir que existe um esforço imenso da comunidade de pesquisadores em manter a lisura de todos os processos administrativos. Esse interesse se deve ao fato de que todos nós estamos comprometidos com a garantia do nível de ensino e pesquisa, e faz parte disso que todos os processos sejam feitos com transparência.

Nas bancas de concurso de professor em que participei, nas seleções de pós-graduação, corrigindo provas de vestibular (vestibular esse, aliás, gerido pela Fundep) e em todas as reuniões e assembéias das quais participei (sim, fazemos assembĺeias para discutir assuntos polêmicos, assembélias com a participação de professores, alunos e funcionários), sempre a democracia foi honrada com a transparência do processo e com medidas cautelares clara contra qualquer desvio pensadas antes de acontecer qualquer problema. Essa é a minha experiência, que me faz ter orgulho de participar desse corpo docente. Se houver excessões nessa conduta (e sempre pode haver), também para nós é importante que sejam fiscalizadas e banidas e por isso respeito muito o trabalho do TCU.

Não quero que o Estado de Minas deixe de publicar opiniões diversas, mas que pare de, ostensivamente, ofender a comunidade da UFMG ao esconder informações importantes para o conhecimento do público sobre a questão.

Finalmente, sobre as denúncias anônimas que vieram de dentro da própria UFMG: eu sou um zé ninguém aqui, mas se eu quiser, eu participo em qualquer órgão administrativo. Todos os cargos são elegíveis e já atuei, nos 4 anos de casa, em vários níveis, colegiados, câmaras e até na congregação (não participei mais porque não quis). E em todos eles temos representantes de alunos e até funcionários, no caso de órgãos administrativos. Com isso quero ressaltar que ninguém precisa fazer denúncias anônimas, participe do processo democrático e lute por sua forma de pensar. As denúncias anônimas numa comunidade democrática como a nossa levam a pensar que o denunciante tem culpa no cartório. E assino embaixo da decisão da reitoria em diminuir a importância de tais acusações.

Aproveito para divulgar a páginas de notícias da UFMG, na qual você pode ter acesso a informações detalhadas sobre o processo: http://www.ufmg.br/online/arquivos/c...munidade.shtml

Obrigada.
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Comentários

  1. Avatar de flipeexpl
    O problema é achar qual meio de comunicação de massa que não o faz, "informação" é um negócio muito valioso e tratado com interesses, a mídia aos assuntos relevantes, ou lhe informa com "meias verdades" ou "mentiras completas". Em Minas, a mídia é uma espécie de escudo para interesses políticos e financeiros, um funcionário dos senhores de engenho das Gerais. O jornal acima citado, não é muito difícil ver esse tipo de atitude por parte de tal, acreditar que a mídia "informa", é talvez, no mínimo, muito inocência.
    Atualizado 29-03-2009 em 11:12 por flipeexpl
  2. Avatar de woodson
    Ana,
    E não é uma campanha difamatória só contra a UFMG, não. É contra toda a comunidade de professores públicos. Veja a notícia contra os professores públicos da PBH! E nosso sindicato de faxineiros e etc. nem tibum! O que está faltando é uma reviravolta desse discurso INCLUSIVO que desautoriza a classe de professores em muitas instâncias porque ela, bem ou mal, pensa os problemas desse país. Os professores ainda são uma classe que consegue impedir que essa bagunça se generalize e que as decisões fiquem somente nas mãos dessa classe política estúpida e tirana que investe contra o esclarecimento e a ordem institucional para impingir suas políticas mafiosas, que visam apenas a compra legalizada de votos, e se arvoram em pensar e fazer por nós, esperando de nós apenas uma aquiecência passiva e agradecida , evidentemente, de o bico calado!

    Woodson Fiorini

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