Maranhão testa TV digital por linha elétrica.
ABERT - Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão - 02/09/2008
A cidade de Barreirinhas, no Maranhão, testa um sistema que usa a
rede de energia para transmitir dados para TVs.
O município maranhense, que já conta com experimentos de internet via
infra-estrutura de energia elétrica, agora testa usar a rede de luz
como canal de retorno para TV digital. A cidade tem 46 mil habitantes
e fica a 250 quilômetros de São Luis.
Segundo Paulo Pimentel, presidente do fórum PLC Brasil e diretor da
Aptel, associação que reúne empresas de infra-estrutura, 50 pontos de
Barreirinhas terão TV digital via PLC nas próximas semanas no
Maranhão.
Conversores digitais serão levados até residências e pontos comerciais
para receber o sinal digital que a TV Mirante está difundindo na
região. Os conversores serão plugados à TV e a um modem ligado em
cabos de luz.
O modem será responsável por enviar dados para a central da TV
Barreirinhas via cabos de energia.
"A prefeitura local, o SEBRAE e outros parceiros estão desenvolvendo
conteúdo regional. Assim, por meio de um menu acessível pelo controle
remoto, o cidadão checa notícias sobre sua cidade, como por exemplo,
em que dia o médico tal estará no posto de saúde de seu bairro e quais
são os cursos profissionalizantes oferecidos no município", diz.
Segundo Pimentel, a tecnologia usada na cidade foi desenvolvida pela
Panasonic e já é utilizada em algumas cidades da Itália. Além da
empresa japonesa, atuaram no desenvolvimento do sistema de testes
pesquisadores da USP e Universidade Federal do Ceará.
"O uso das linhas de energia representa um grande avanço para inclusão
digital, já que em muitos pontos remotos do país os cabos de luz
chegam, mas não há cabos de fibra óptica ou de telefonia", afirma
Pimentel.
A Anatel anunciou, no final de agosto, que está regulamentando a
exploração comercial de banda larga e serviços de dados por cabos de
energia. Interessada neste mercado, a Panasonic comunicou que
produzirá, no país, modens adaptados para PLC.
A Aptel acredita que poderá explorar comercialmente banda larga pela
rede elétrica em vários pontos do país quando a Anatel liberar a
tecnologia. "O recurso é interessante não só para regiões remotas, mas
também para bairros das grandes cidades onde as empresas de TV não têm
interesse comercial em levar a infra-estrutura de cabos. A energia
elétrica está cabeada em todos os lugares", analisa Pimentel.
Os dados digitais podem transitar longas distâncias pela rede elétrica
e, em alguns pontos, há repetidores para que o sinal não perca sua
força. Ao final da transmissão, a rede elétrica deve se encontrar com
um roteador ligado num cabo de fibra óptica, que mantém a rede PLC
conectada à web. Pimentel diz que a tecnologia permitirá oferecer
conexões de 2 Mbps a clientes residenciais quando existir
comercialmente.