Linux: Aptidão ou Necessidade?
Recentemente estive pesquisando no Google sobre a participação de mulheres no universo Linux. Quando realizei essa pesquisa pela primeira vez, há 5 anos atrás, o resultado era muito desanimador. Um ou outro movimento tinha foco, além de nomes de peso como o LinuxChic quase nada era encontrado. Depois de todo esse tempo eu ainda encontrei pouquíssimas referências, todas elas bem antigas. O que noto ao pesquisar no Google é que o Linux ainda não saiu de verdade das rodas masculinas e especializadas em TI.
Possivelmente essas referências podem estar erradas ou incompletas pois no Under mesmo já encontrei, desde que retornei, algumas meninas participando numa boa nos fóruns (muito mais do que na época que entrei aqui). Além disso, com a popularização dos desktops e notebooks a preços mais acessíveis graças ao sistema Linux, muitas pessoas possivelmente aderiram e perpetuaram o seu uso.
Porém ainda não é o que se percebe conversando com as pessoas (usuários comuns), principalmente mulheres. O que se nota até entre as pessoas de alta formação é que o Linux é um perfeito desconhecido, soando underground ou até mesmo atípico para o meio. Em miúdos: Para o típíco nerd que trabalha em âmbito nerd, não para aqueles que trabalham nos mais diversos setores da economia. A situação ainda piora para o ambiente feminino. Mesmo que suas empresas utilizem o Linux isso é tão incompreensível que o usuário final desconhece qualquer pecularidade do sistema e nem sonha em utilizá-lo no seu computador particular. Também não vou questionar aqui se a esmagadora maioria das pessoas que compraram notebook com linux o formataram e colocaram uma cópia ilegal do Vista. Infelizmente a coisa não é tão homogênia como se esperava há 5 anos atrás.
As minhas últimas aulas do MBA foram sobre "sistemas informatizados para o gerenciamento de módulos empresariais". Nelas tive a oportunidade de fazer uma visita técnica em uma empresa. Lá, esse era o foco da aula, iríamos conhecer a estrutura que eles utilizam para movimentar seu E-Commerce. No final da apresentação do ERP (muito comum nas empresas hoje), o couch em questão perguntou se o pessoal já conhecia um palm top. Chocada, mas paciente, resolvi perguntar "mas e aí, esse tal sistema funcionará se o cliente usar Linux no computador, ele tem compatibilidade?". Depois dos segundos tensos onde creio eu que a esmagadora maioria pensou "mas que (palavrão censurado) é esse que ela está falando?" a responsável (era uma mulher) educadamente disse que "não" e informou que somente a plataforma Windows rodaria o programa. Virei para a colega do lado e disse "mas é possível a compatibilidade, eu participei de um processo de implantação de ERP onde todos os terminais estavam em Linux". Ela então me disse algo do tipo "o que é Linux" e eu então resolvi ficar em silêncio.
Aulas antes, passaram um vídeo do Google e seu Android, comentei com os colegas que "o ideal era pelo menos colocar o Ubuntu numa partição do HD do notebook". Devido as reações que ocorreram, não imaginava que o Ubuntu fosse tão erótico ou que pudesse ser usado como um palavrão. Fiz uma ilustração bacana, tentando demonstrar as igualdades e diferenças dos dois sistemas: The Beatles está para Windows como o The Who está para Linux. Mas então disseram "quem é esse tal de Who" e eu resolvi acabar com a conversa.
Será falta de incentivo ou racionalidade das empresas em não optar pelo o que é de graça? Até eu venho utilizando muito mais o Windows do que o Linux porque tudo o que faço na minha rotina de trabalho (que em nada tem a ver com programação, antenas, servidores ou derivados) está atrelado no Windows. Fico pensando se em algum ponto desse processo enorme para qual trabalho tem Linux escondido. Fico pensando na cifra das licenças para cada terminal Windows.
Enfim. Fico pensando se a relação com o Linux é por aptidão pessoal/quebra do comodismo ou por necessidade de proteção dos dados/redução de custos. Enquanto tivermos mulheres pouco curiosas nesse aspecto o quadro não vai mudar.
O máximo que se poderá é refazer a frase que censurei acima: "Mas que Ubuntu é esse que ela tá falando"?.