PRIMEIRO TEMPO
Vou contar um causo para vocês. Vício é vício.
A PUC em Porto Alegre, tem um programa chamado TecnoPuc que visa promover pesquisadas na área científica. Fui lá.
Dois professores amigos meus, muito versados em pesquisa, confinaram sementes de soja dentro de uma câmera onde simulavam gravidade zero. Estas sementes depois eram semeadas e a planta resultante media 12% maior que outra planta cuja semente não sofrera o mesmo tratamento.
A PUC tem um restaurante maravilhoso e na mesa eu ouvia um dos colegas pesquisador dizendo que tinha muito orgulho daquela pesquisa e dos seus resultados. Dizia ele.
-Quem tem imaginação, mas não tem cultura possui asas, mas não tem pés. A cultura que estamos aplicando nas sementes de soja, necessariamente nasce da realidade. Claro que primeiro passa pela porta dos sentidos e depois é sintetizado pela nossa razão.
Achei aqueles pensamentos estranhos e por não saber retrucar no momento enchi a boca com o “camarão á provençal” que eu havia me servido. Mesmo assim, com um ar de muito entendido sacudi a cabeça em concordância.
Na rua comecei a cismar, Tudo ainda vai acontecer, descobrimos as leis físicas e cobrimos o universo á apenas 300 anos. Estariam os meus amigos certos? Seria a ausência da gravidade a única causa desencadeante do maior crescimento da soja? Não resisti, fui para casa e comecei a ensaiar.
Peguei um cano com 8,6cm de diâmetro e 2m de comprimento e coloquei no meio um punhado de semente de soja. Nas extremidades do cano, coloquei dois conectores ligando a dois radinhos de 2,4GHz configurados em bridge. Liguei e esperei três tias, depois corri colocar as sementes em vasos de flor.
Fiz a mesma coisa em muitas outras frequências.
Fiz também o ensaio de colocar luzes de diversas cores a trafegar dentro dos canos. Meu pátio estava repleto de canos de diversas bitolas e vasos de soja nascendo. Seis meses depois começou as medidas.
Três plantas estavam 15% maiores que o normal, achei que chegara a hora de botar as asas para fora, muni-me com fotos e medidas peguei o celular e telefonei.
-Alo, Soube que o restaurante vai preparar um “camarão empanado com molho agridoce”, vamos saborea-la amanhã?
Meus dois amigos gulosos não pestanejaram.
-Está marcado, amanhã ás 12h.
Vocês sabem que existe um lugar e uma hora exata para se desferir um ataque, neste momento exato e no meio de risos disparei o meu canhão.
-Quando descobrimos a causa dos fenômenos naturais, acaba a fantasia.
Meus amigos pressentindo o perigo se empertigaram na cadeira como quem vê o relâmpago e espera o estrondo do trovão.
Os empanados deixaram de ser importantes uma atmosfera de pré tempestade tomou conta do ar Um deles limpou o bigode com o guardanapo branco e com voz pausada falou soberbamente:
-Nosso princípio fundamental na pesquisa foi o de isolar o objeto da pesquisa. Como primeiro passo, procuramos conhecer a verdade do sistema isolado. O segundo passo foi o de planejar o que fazer com a verdade. Nosso último passo foi o de conviver naturalmente com a verdade.
-O tempo corria deliciosamente, quem me dera pudesse eu ser um sinestesista e alem de ouvir aquelas palavra pudesse sentir seu gosto e maciez.
A contagem parecia dar vantagens a eles, eu precisava de um bom argumento. Cruzei os talheres e com os olhos lassos falei.
-A ciência ao contrário da filosofia, sempre se refuta a provar que uma coisa é verdadeira, os cientistas desistiram de provar que algo é verdadeiro.
A frase escolhida tinha o peso necessário para equilibrar a balança, eu precisava de apenas algumas filigranas para pender o prato para o lado da minha vitória. Disparei de novo:
-Posso provar.
O camarão não tinha mais sabor pois estavam engasgados com palavras que não saiam, finalmente da do fundo veio um breve ponto de interrogação.
-Como?
-Também germinei sementes e tive resultados muito alterados.
-Quero ver.
-Eu também.
Coloquei o guardanapo na mesa, e me esforçando para criar um ar de superioridade disse para os meus amigos:
-Paguem a conta que eu vou leva-los para o tira-provas.
Minha firma tem cinco poltronas confortáveis na frente de uma lareira. Atrás em outra sala está meu laboratório, era onde eu iria fazer a primeira escaramuça com os meus amigos, mas para aumentar a tensão, servi um vinho Cabernet pois o cenário no laboratório ainda estava sendo preparado.
Selecionei uma instalação onde a antena o rádio e o cabo coaxial propiciavam ricos pacotes de informação para um rádio.
Meu plano era este: Se fosse impossível isolar qualquer um desses equipamentos para analisar o suas características, a experiência deles e a minha com as sementes era falsa.
Sentei e esperei.
Para não incomodar vocês demais, vou contar a contenda no
SEGUNDO TEMPO