SÃO PAULO - Eduardo Neger, recém-eleito presidente executivo da Abranet (Associação Brasileira de Internet) falou à INFO sobre os seus planos de gestão na entidade.
A partir deste mês, Neger assumiu a função ocupada anteriormente por Eduardo Parajo.
Criada em 1996, a Abranet corre em paralelo com o desenvolvimento da internet no Brasil. O seu quadro de associados abrange empresas de provimento de acesso, conteúdo, operadores de telecomunicações (SCM), comércio eletrônico, aplicações web, software etc.
Conhecida por sua atuação junto aos provedores, a entidade já foi chamada de Associação Brasileira dos Provedores de Acesso e Serviços de Internet. Desde 2009, com a designação Associação Brasileira de Internet, a Abranet diz abranger toda a cadeia de internet e não só a de provedores.
“Hoje, temos dado bastante atenção à questão da inovação tecnológica. TI é o setor que tem mais facilidade em transformar um produto em algo vendável. Queremos incentivar a implantação de novos negócios. Um provedor local de conteúdo, por exemplo, tem condições de trabalhar com um grupo de compras coletivas. São atividades complementares. É possível aumentar o portfólio”, avalia o novo presidente da Abranet.
A despeito dos grandes players do mercado, Telefônica, Net e Oi, além da GVT, Neger acredita haver ainda muito espaço para os pequenos provedores, que, segundo ele, oferecem um atendimento personalizado e mais adequado para determinadas regiões do país aonde os maiores grupos não chegam.
“Não é só colocar fio e conectar. O usuário muitas vezes não tem familiaridade com tecnologia. Necessidade de antivírus, configurações físicas de máquinas. Em geral, o provedor mais próximo a ele, e com um atendimento mais personalizado, consegue atender melhor”, argumenta.
O executivo cita, ainda, dados de uma pesquisa recente do CGI (Comitê Gestor da Internet) para ilustrar a importância dos pequenos provedores. “Juntos representam 9% do mercado de banda larga. Equivalem a uma quarta operadora do país. Um total de 25% desses pequenos e médios atende 2000 clientes, sendo que 95% deles prestam provimento de acesso, mas acesso é commodity. Eles precisam agregar novos serviços, criar novos modelos de negócios, inovar”, sugere Neger.
Sobre a GVT, que o executivo colocou em quinto lugar no mercado brasileiro (a quarta maior seria a soma dos pequenos provedores), Neger diz considerar salutar a presença de mais um concorrente. “Um dos princípios da Abranet é a defesa da concorrência. Quanto mais, melhor. A vantagem é que ela está implementando, de cara, uma tecnologia nova, que é a fibra ótica”.
Com relação ao Plano Nacional de Banda Larga, do governo federal, o presidente da Abranet considera a iniciativa válida, independentemente do atraso na sua implantação e da velocidade oferecida.
“O PNBL é válido. É difícil estabelecer um padrão de velocidade para o país todo. Em São Paulo, 1 Mbps é pouco. Mesmo em Campinas, há alguns operadores que oferecem mais do que essa velocidade, mas num município do interior do nordeste, até pelas grandes limitações técnicas, já é algo fantástico. Então, um mega ou 512 Kbps é maior do que zero. Para o mercado, o plano é importante. Só de o governo anunciar já fez os preços caírem em várias regiões”, analisa Neger, que acrescenta: “segundo pesquisa do Comitê Gestor da Internet, 72% das concessões são inferiores a 512 Kbps. Ou seja, o plano não está tão longe da realidade brasileira”.