Por que julgar tanto as antenas Omni?

[FMANDU]

Navegando nos tópicos do under, vi muita gente criticando e até xingando provedores que utilizam antenas Omni para transmissão, afirmando com toda precisão que gera muita interferência, mais ruído que painel, polui muito mais o espectro e ainda atrapalha os concorrentes.
No meu entendimento uma antena omni gera muito menos interferência do que se colocar 2 painéis, que querendo ou não "ela" esta sendo gerada na própria torre. Na questão "ruído", gosteria que alguém explicasse melhor.
Lógico que alguns cenários exigem painéis setoriais, mais em outros onde o numero de clientes não passa de 40, é super dimensionado utilizar painéis. E se omni fosse tão ruim assim UBIQUIT e MIKROTIK não estariam fabricando.
Com esse tópico, gostaria de saber se é mito esse tanto de coisas ruins que falam de antenas omni. Utilizo varias aqui, respeitando o limite de potencia, nunca tive problemas e os clientes estão satisfeitos. Então elas realmente nos atrapalham e também as redes dos concorrentes?

[rubem]

Apenas num mundo hipotético que a antena receberá sinal somente dos seus clientes, no mundo real a antena, omni ou direcional, terá que lidar com pacotes de diversos clientes "dos outros" e de roteadores proximos, quanto maior o n° de pacotes e conexões a analisar, mais trabalho a etapa de RF tem e portanto consegue entregar um troughput menor.

Ruído não é escanear outro SSID usando o canal, isso não é problema, o fato de ter 4 setoriais e ambas se escanearem não é um problema serio, é um problema mas as deficiências advindas disso são bem menores que as deficiencias criadas pelos retornos nas omni, reflexos das proprias emissões e reflexos de sinais legítimos, que com 10nS de atraso ainda não se caracterizam como ruído mas interferem na capacidade de trafego da etapa de RF.

O menor angulo vertical das omni é o que impede elas de serem terríveis, se fosse isotropicas perfeitas, com emissão em em todos os planos e não apenas em uns 8° na horizontal, ela teria um numero inacreditável de retornos e reflexos. As vezes se recomenda painel setorial por ter mais de 10° de elevação, mas isso não é de todo desejado quando se quer conexão com troughput excelente, um angulo menor diminuir o n° POSSÍVEL de sinais espúrios, uma conexão ponto-a-ponto usa antenas de angulo mínimo, tipo 4 ou 5° tanto V como H devido a isso, angulo maior significa mais dados espúrios ocupando a etapa de RF.

Omni tem seu uso indoor consagrado, ou em micro-celulas, por isso você tem equipamentos UBNT e MK com Omni. Mas... você não tem nem nunca terá omni MK ou UBNT de 18 ou 25dB, que é o que muitos gatonets usam. Omni tem suas qualidades nalguns usos proximos, com baixo ganho e equipamento proximo, onde os sinais legítimos estão duzias de decibeis acima dos sinais espúrios. Já onde o ruído térmico é proximo ao nível de sinal (SNR baixo) as omni deterioram ainda mais a conexão já ruim.

Se omni fosse só alegria teria CPE cliente com omni, é bem mais fácil fabricar uma omni de 4 ou 5dB do que um patch impresso ou cortado a laser pra ter uma direcionalidade razoavel. Alias... CPE com antena de 60° já tem seus problemas devido ao excesso de largura, resultando num troughput bem menor que grades ou discos com abertura de 5 a 8°, que dirá se tivesse omni nos clientes.

Omni's são usadas em baixas frequencias (TV, radio, radio-amador) porque pra ter direcionalidade com baixa frequencia é preciso antena tão grande quanto menor for a frequencia, uma antena direcional pra TV, 54MHz por exemplo, é algo gigante, se usa direcionais com 1/8 de onda e ainda é grande, mas uma omni 1/8 na mesma frequencia geralmente resulta em nível de sinal suficiente, não exigindo direcionais. Já no mundo wifi as altas frequencias permitem o uso de antenas com refletores (Coisa impossível num radio AM, por exemplo, em cima de casa), as omni fazem seu trabalho corretamente, mas os dipolos, quadras cubicas, colineares, patches, ou yagis fazem o mesmo trabalho de forma muito melhor.

Problema do mundo dos provedores é o excesso de leigos, muita gente que parafusa a antena, rosqueia cabo, configura SSID e controle de banda, e pronto, vai pra vizinhança instalar antena sem visada limpa, sem zona de fresnel, aí quando a conexão fica ruím troca a omni de 12dB por uma coisa ridícula de 25dB, ou coloca um roteador de potencia maior pra aumentar o alcance, idéia típica de jiric..., digo, de leigo. Os protocolos 802.11x foram realmente feitos para serem de uso simples mesmo, plug&play, mas quando há necessidade de alcance maior tipo 100m, com troughput mínimo necessario, é necessario conhecimento de emissões de ondas, reflexos, elementos irradiantes e reflexivos, penetrabilidade de materiais/obstaculos, enfim, é necessario conhecer as teorias que permitem que os equipamentos funcionem, a maior parte dos provedores brinca de Lego e não usa a teoria, vai tentando conectar até achar a peça que encaixa naquela posição, no caso de algumas omni nalguns cenários ocorre o encaixe mas a qualidade do produto final (Conexão) é ruim, e a posição atrapalha o produto dos outros (Caso das omni de 25dB ligadas num roteador em modo B com 400mW, atrapalham as conexões da vizinhança toda).

Enfim, omni tem varios contras, mas os protocolos 802.11x permitem seu uso sem problemas, o problema está nos exageros e péssimos usos que as vezes são feitos, dá pra fazer um levantamento de todos os contras mas precisa tempo, por muitos anos produzimos e consumimos conteúdo sobre antenas de baixa frequencia, pra radio e TV VHF no maximo, não sei se tudo se aplica a todas as frequencias, especialmente a parte de retornos e fantasmas, que eles existem em bom numero existem, mas a etapa da RF teoricamente descarta muita coisa e não há processamento de tudo, o que seria processado são os pacotes legítimos de outras conexões 802.11x que passaram pela antena, a perda de troughput é advinda disso, excesso de pacotes pro hardware (Radinho lixo com RTL8186...) analisar, com 4 processadores (Em 4 paineis de 90°) obviamente fica tudo mais facil.