• Por Que Tantas Distribuições Linux? parte 2

    Vamos continuar nossa discussão polêmica sobre as distribuições Linux? Na primeira parte deste artigo defendi a existência e manutenção das inúmeras distribuições Linux existentes nos dias de hoje. Apresentei alguns argumentos e esperei por contribuições dos leitores nos comentários, suas opiniões e críticas. Hoje vou estar no lado oposto desta briga, e pretendo atacar sem dó nem piedade, o crescente número de distribuições existentes. Espero que gostem da leitura. Para quem esqueceu, ou gostaria de fazer uma releitura da primeira parte deste artigo, ao final deste post você encontra o link para acessar o artigo anterior.


    Atacando as Distribuições Linux

    Vocês realmente devem estar pensando que eu enlouqueci. Depois de defender arduamente a existência e manutenção das inúmeras distribuições Linux existentes, agora as estou atacando. Mas a história não é bem essa. Hoje vou atacar as distribuições Linux, não quanto ao seu número, mas sim quanto a sua qualidade e identidade. Eu defendo com unhas e dentes (e continuo afirmando isso) a pluralidade das distribuições Linux - mas apenas as que mereçam ser chamadas de distribuições.


    Venhamos e convenhamos: você chamaria de distribuição Linux, uma cópia descarada de outra distro? Ou mesmo uma distribuição "montada" a partir de um sistema de construção de "distros", que alguns sites disponibilizam? Eu não chamaria.


    Distribuição Maquiagem

    Este é o mais conhecido dos casos, e também o de maior ocorrência. Essa distro é conhecida pela alcunha de "Distribuição-Maquiagem". Quantos de vocês não conhecem pelo menos uma distro feita desta forma? Um indivíduo baixa a ISO, ou o repositório inteiro de uma distribuição Linux conhecida e de renome, troca todos os logotipos e nomes da distro-mãe pelos de sua mais nova cria, "instala" um tema "diferenciado" para o ambiente de desktop, embarca como padrão aplicativos e scripts chamativos (efeitos 3D e recursos animados, principalmente) para atrair usuários, e para finalizar cria um site para divulgar seu "produto" mais novo e "inovador" do mercado.


    Criando sua Distribuição Linux - Nerdson.COM

    Parece piada de mal-gosto, mas esse problema é digno das teorias de Geração Espontânea de vida, tão em voga nos séculos passados. Nos dias de hoje muitos pensam que estão criando uma verdadeira distribuição Linux, desta forma "tosca", quando na verdade o que eles estão fazendo, é apenas garantir uma maquiagem em uma distribuição já existente. E entre utilizar essa "distribuição" ou a distro-mãe, o bom senso não só fala como grita, para que você se mantenha em um porto seguro. Se quiser ter o máximo de segurança e garantia de manutenção, nunca abandone a distro-mãe.

    Infelizmente você não pode (e nem deve) esperar muito desse tipo de "distribuição". Nem mesmo o que podemos considerar como "serviços básicos", como a manutenção de pacotes, correções de segurança, e afins. E não vale dizer para seus usuários que eles devem baixar as atualizações da distribuição-mãe, pois isso não é criar uma distro nova, e sim uma nova forma de "parasitismo" digital.

    Alguns poderão até argumentar que precisam começar uma distro de alguma maneira, ou por alguma abordagem inicial. Concordo! Mas também acrescento que esse tipo de abordagem não te levará a lugar nenhum, não te apresentará ao mundo como um criador de uma nova distro (infelizmente muitos seguem este caminho em nome da fama), e nem lhe garantirá bagagem técnica como uma verdadeira distribuição Linux.


    Distribuição Clone

    Esta segunda categoria é mais recente, e tem surgido em grande quantidade com a contribuição de algumas das principais distribuições Linux do mercado e seus sistemas de geração automática de distros para os usuários (também conhecidos como "personalize suas distros"). Os adeptos dessa vertente, não necessariamente estão criando distribuições para o público em geral, mas sim para eles mesmos. É a famosa piada "ODPC - One Distro Per Child", ou Uma Distribuição Por Criança, em uma paródia do projeto OLPC - One Laptop Per Child.


    As Distros Nascem, Crescem, se Reproduzem, e Morrem... - Nerdson.COM

    Através dessas ferramentas, normalmente Web e direto do site das distribuições-mãe, qualquer usuário Linux, independente de seu conhecimento sobre esse sistema operacional, ou mesmo sobre como funciona uma distribuição Linux, poderá criar sua própria adaptação da matriz. Se este fosse o intuito para uso próprio, nada demais. Seria considerado apenas uma personalização de uma distro mais adaptada as necessidades do usuário. O problema é quando utilizam esses sistemas para a criação de novas distribuições "Clone".


    Criação versus Conhecimento

    Depois da abordagem dos principais casos de "desvirtualização" das distribuições Linux, ficam algumas perguntas:

    • Qual é o conhecimento sobre o "Linux" que o "criador" desta nova "distro" está agregando para seu "projeto"?
    • Qual o conhecimento sobre Distribuição Linux que o "criador" desta nova "distro" está agregando para seu "projeto"?
    • Um indivíduo que seguisse esse tortuoso caminho, saberia manter o seu próprio Linux como sistema operacional, de forma independente (atualização de pacotes para novas versões, criação de patches de correção de bugs, falhas críticas, etc)?
    • O mesmo também saberia, posteriormente, como reproduzir sua nova "distribuição", sem depender da distro-mãe fazer tudo sozinho (continuar o desenvolvimento e automação da montagem da distribuição, atualização e expansão de suas ferramentas de configuração próprias, etc)?
    • E quanto a manutenção, a correção de bugs, e a atualizações de pacotes? Tudo isso só para citar alguns pontos importantes, e básicos? Continuará dependendo da distro-mãe?



    Conclusão

    Para se criar uma distribuição Linux, é preciso que o interessado conheça a fundo esse sistema operacional, saiba manipulá-lo, adaptá-lo, atualizá-lo, e por fim, inová-lo a cada nova versão montada. Após conhecer e saber como construir sua versão de Linux, é preciso saber como montar o mesmo na forma de uma distribuição Linux, e mantê-lo. E para isso ainda tem muito chão pela frente. Muito chão e muitos interessados em contribuir para a manutenção da mesma distribuição.

    Se o indivíduo não tem independência, ou mesmo conhecimento para abranger essas "áreas" citadas, então o que ele está criando não é uma nova distribuição Linux. Ele estará apenas "poluindo" o meio com mais "lixo", e ajudando a "queimar o filme" do Linux, não somente para os usuários de outros sistemas operacionais, mas principalmente para toda a Comunidade Linux.

    Agora eu gostaria da opinião de todos sobre suas posições (contra e/ou a favor) da existência (e rotatividade) de tantas distribuições Linux. E aguardem a terceira e última parte desta série, onde abrirei a discussão sobre qual seria a melhor forma de se começar do zero a criação "sadia" de uma distribuição Linux "de verdade".


    Artigos Anteriores:

    - Por Que Tantas Distribuições Linux? parte 1
    - Por Que Tantas Distribuições Linux? parte 2