O IEEE802.22 vai fazer pelos WISPs o que o WiMAX não fez
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em 18-09-2009 às 21:19 (9515 Visualizações)
Na minha opinião o WiMAX morreu. Ele ainda não caiu no chão e nem foi enterrado, mas isso demora mesmo. Com já disse em outros posts, foi como Betamax x VHS e Blue Ray x HD-DVD, um caiu para o outro poder seguir.
No mundo o LTE está ganhando força e mostrando ser uma solução com maior embasamento. O LTE foi criado pelos fabricantes que conhecem mercado de celular, então vem de berço as suas características. O WiMAX foi uma tentativa dos fabricantes de dados em entrar nesse segmento. Pelo visto não deu certo. Obviamente que sempre pode surgir um fato novo e mudar o cenário, mas não aposto nisso.
Sei que alguns vão me criticar pelas minhas afirmações. Talvez alguns tragam links para "informações positivas" sobre o WiMAX. Tudo o que vejo de positivo é nota de imprensa dos próprios fabricantes. Muitas dessas notas de imprensa são notícias "forçadas", a lá Leão Lobo: eles não inventam mais aumentam.
O LTE já está, este sim, sendo considerado seriamente pelas grandes operadoras em todo o mundo como caminho para o 4G.
Para o WiMAX, vai sobrar um premio de consolação: vai virar sinônimo de rádio 5,8Ghz. Hoje em dia, qualquer fabricante de rádio 5,8Ghz 802.11a está chamando o seu equipamento de solução WiMAX (e os clientes estão aceitando). Vai ser isso, WiMAX virará sinônimo de 5,8Ghz, sem muito efeito prático.
Mas não esse o objetivo principal do meu post. Quero falar do padrão IEEE 802.22, este sim tem um potencial incrível para os provedores de acesso Internet, WISPs e mesmo usuários corporativos (e até domésticos em geral).
Antes um pouco de teoria...
** A Freqüência, o Alcance e a Transmissão **
É uma lei da física que, quanto maior a freqüência de um sinal, menor o seu alcance (considerando que todas as outras condições de mantenham). Não vale a pena (nem é objetivo deste post) mostrar toda a teoria que prova isso. Acreditem: quanto maior a freqüência, mais difícil é transmitir.
Assim um equipamento em 5,8 Ghz tem um alcance muito menor que um outro, de mesma potência, modulação e ganho que trabalhe em 900 Mhz.
Outra informação importante é que nenhum equipamento transmite "exatamente" na sua freqüência. Por exemplo um rádio WiFi 2,4 GHz no canal 1 deveria emitir sinal apenas entre as freqüências 2,401 a 2,423 GHz. No entanto não existe rádio no mundo que consiga essa proeza (também tem a ver com as leis da física do nosso universo), assim esse rádio acaba transmitindo um pouco além. Inclusive um dos testes de homologação da Anatel é esse: quanto o rádio acaba emitindo fora da sua freqüência ideal; se for muito, o rádio não é homologado.
Dessa forma, existe um espaçamento entre as freqüências, para que um rádio não atrapalhe o outro. Usando exemplos do WiFi o canal 1 vai de 2,401 GHz à 2,423 GHz enquanto que o canal 6 (que é o próximo não sobreposto) vai de 2,426 GHz à 2,448 GHz. A faixa de 2,423 GHz à 2,426 GHz funciona como uma freqüência de guarda.
** Os Espaços em Branco **
Ainda não vi nenhuma tradução em português para o termo "white spaces" que o 802.22 trata (se alguém souber uma tradução melhor, além da tradução literal, me avise por favor).
Explicando o que é isso com exemplos: em canais de televisão, entre o canal 4 e o canal 5 temos o canal de guarda entre 72MHz e 76MHz. Quando surgiram os primeiros televisores, eles precisavam de um canal de guarda grande. Agora esse espaço é exagerado.
Além disso nem todos os canais são utilizados. Nenhum lugar utiliza o canal 1, 2, 3, 4, 5 por exemplo. Isso gera uma distorção: enquanto os mortais (nós) ficamos apertados em 2,4 e 5,8 GHz, vários canais (em baixa freqüência, lembre-se: baixa freqüência == alto alcance) vários canais ficam sobrando.
É como pegar um ônibus aonde a primeira poltrona é para o prefeito, a segunda para os vereadores, a terceira para o escrivão, etc. e somente a última poltrona é para o público em geral. Como quase nenhum desses privilegiados viaja de ônibus, acaba ficando todo mundo apertado enquanto o resto do ônibus viaja vazio.
Isso é ainda pior no interior, em cidades menores. Quantos canais abertos tem nas cidades do interior? Pouquíssimos. E por sinal são as cidades pequenas que mais precisam de conectividade wireless para compensar a falta de presença das grandes operadoras.
A indo mais além dos canais de TV UHF, e o canais VHF, são dezenas e dezenas. Um mar de canais, livres, em baixa freqüência, ideais para o tráfego em longa distância. Por exemplo um rádio de 250 mW em 80MHz teria alcance de dezenas de quilômetros de raio.
E vamos mais além: e as freqüências de rádio AM? FM? E olha que estamos citando apenas algumas. Tudo com grandes espaços sem uso (esses são os "espaços em branco")
** O IEEE 802.22 e os Espaços em Branco **
Existe um movimento nos EUA para liberar esses buracos da mesma forma (ou parecido) à liberação do 2,4 GHz ou 5,8 GHz para aplicações de tráfego aberto, tanto para provedores como para a população em geral. Dentro desse processo essas redes chamadas de Wireless Regional Area Network (ou WRAN) seria padronizadas dentro desse novo padrão IEEE 802.22.
Existem vários obstáculos a serem vencidos, tanto tecnológicos como burocráticos. Nos próximos artigos vou detalhar melhor esse padrão, os desafios, as críticas e - o pouco de informação - que temos para o Brasil.
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