Vejo muitos comentários sobre "coloca em bridge pois o mikrotik não aguenta", pois bem vamos lá. Quando se dimensiona um equipamento de rede você tem que se preocupar com alguns detalhes técnicos, o principal deles é a capacidade de processamento de pacotes e não a velocidade do processador em si, pois um processador de 200MHz pode processar pacotes mais rápido que um de 600MHz, se o mesmo for projetado exclusivamente para isso. Depois de entender as especificações do hardware que tem em mãos é hora de planejar a instalação/configuração do mesmo, vale lembrar que access points baseados em RouterOS contém duas partes básicas, uma é o sistema base onde roda o sistema operacional (RouterBoard, PC, Alix....) e outra é a parte de transceptor (cartões R52H, CM9, CM10, XR2, XR5...), sabendo disso é interessante "casar" as duas partes para que se tenha o melhor desempenho possível, depois de escolher a parte física do AP é hora de configurar a parte lógica, como deverá funcionar propriamente dito. Falarei brevemente de dois modos de funcionamento mais comuns de AP baseados em RouterOS, "Bridge" e "Roteador".
Bridge - Uma bridge trabalha na camada 2 (modelo OSI), claro que no RouterOS há como aplicar algumas regras na bridge em níveis mais altos, mas ai ela deixa de ser bridge, de acordo com o conceito. Da forma com que a bridge trabalha, todo o trafego deve ser tratado em um roteador central, limite de banda, descarte de pacotes, regras de firewall, enfim todo o trafego passa de modo transparente para ser tratado adiante, agora imagine um ponto de acesso remoto onde há um backhall de transporte (ponto a ponto) todo o trafego desnecessário está passando por ele até chegar ao roteador central para ser tratado, fora outros transtornos como broadcast, em uma rede em bridge um único cliente tem o "poder" de diminuir o rendimento de todos os outros mesmo em outras "torres" somente com broadcast, fora outros problemas que podem ocorrer com rede em bridge, no meu ponto de vista eu só trabalharia com access point em bridge se tivesse um switch layer 3 logo atrás do mesmo para "filtrar" todos os problemas relatados.
Roteador - Um roteador trabalha na camada 3 (modelo OSI, há roteadores que podem trabalhar até a camada 7, é o caso do RouterOS). O modo Roteador trás alguns benefícios como descentralização da rede e diminuição dos pontos de falha, fora a superação dos malefícios que a bridge acarreta, imagine um cliente que está gerando broadcast excessivo, o mesmo ficará restrito somente ao seu ponto de roteamento, o backhall fica livre de trafego indesejável pois é possível aplicar regras no próprio ponto de acesso, ficou claro a minha preferência.
Problemas relatados pelos donos de provedores:
"Rotear causa processamento alto": Como eu disse o roteador trabalha na camada 3, se um cliente estiver ruim ele vai gerar retransmissão, correção de erro, e será usado o processamento do ponto de acesso para executar este procedimento.
"No modo bridge aguenta mais clientes": Expliquei anteriormente que são duas partes que formam o access point, o que determina a quantidade de clientes que se pode ou não colocar em uma única interface é a tecnologia do meio físico no caso a grande maioria utiliza 802.11b que trafega 11mbps (no meio físico) com a sobrecarga de protocolo o trafego útil cai para 4mbps na melhor das condições, sabendo disso é só fazer as contas de acordo com os planos comercializados.
Hoje em dia estão sendo comercializados placas base cada vez mais compactas e com poderosos processadores, então eu me preocuparia menos com o "processamento" e mais com a configuração adequada da rede.
Eu poderia estender o tópico mas paro por aqui, isso não é um tutorial de como deve ser tua rede, mas sim um alerta para que muitos planejem melhor, pois temos condições de fornecer serviços de qualidade excepcional apenas com o que temos nas mãos sem precisar investir milhões como fazem os grandes operadores.
PS. Qualquer dúvida estou a disposição.