Segundo vai um aviso de que tentarei abaixo (certamente sem sucesso) não entrar em meritos politicos e me ater na parte tecnica e principalmente comercial.
Vai uma breve apresentação de minha pessoa. Tenho 27 anos, sou formado em gerenciamento de redes, também sou tecnico em informática e telecomunicações pelo Senac. Tenho certificação FCP - Furukawa Certified Professional e MCSA - Microsoft Certified Professional System Administrator. Desde os 7 anos sou apaixonado por "computador". Desde os 14 trabalho na area. Comecei como auxiliar, passei a tecnico, analista, coordenador e atualmente sou Gerente de Ti de uma empresa no ramo de infraestrutura rodoviária. Tive a oportunidade de trabalhar alguns anos na maior operadora de telecomunicações da america latina e a oportunidade de bons contatos além de professores que nela trabalhavam.
A alguns anos leio o UnderLinux, RTI, Valor Economico e acompanho a movimentação no setor. Fazem 5 anos que ensaio para abrir um provedor em algum canto do interior e cuidar de um negócio próprio, por maior que seja a dor de cabeça ou a insegurança que isso dá. É uma coisa que gosto, tenho paixão - e principalmente tesão - logo, decidi ir atrás.
Acompanho a movimentação do governo e da Telebrás desde quando uma fumacinha começou. O sabio ditado já diz: Onde há fumaça....
Isso a grande maioria de nós acompanhou com bastante ansiedade. O anuncio de 140 reais o mega FULL + imposto deixou muita gente surpreso. O governo Brasileiro implementou uma estratégia duvidosa - mas válida, porém, ninguém sabia as regras.
Vale uma ponderação: Quando digo duvidoso, me refiro ao fato de que o governo até agora não "bateu o pau na mesa" e mudou as regras do jogo. Porque a concessão de estradas é um ramo que está dando tão certo (principalmente o modelo paulista) e funciona e o de telecom não? Porque o modelo das concessionárias de energia funciona (em sua grande maioria, não tem bem quanto o das estradas mas...) e os de telecom não? Muito simples: As regras são frouxas e me fazem pensar que quem dita o jogo na Anatel e no Ministério não tem conhecimento tecnico, teorico ou prático. Ou todo mundo leva, não é possivel....
Seria muito mais fácil mudar as regras do jogo, apertar a fiscalização e as multas do que usar o nosso dinheiro (sim, o meu, o seu, o da sua esposa) para reativar uma Estatal. No fim das contas, nós, o povo vamos pagar tudo isso...
Em 30/06/2011 as operadoras aderiram ao programa do Governo. Gigantes como Telefonica e Embratel, assinaram o acordo para entregar o "PNBL" e sinceramente não entendi qual era a jogada. Onde está o ganho de NÃO se vender um link de R$ 1600/2000 por R$ 180.00 (1MB FULL, preço TABELA com o MAIOR desconto praticado para venda em boa parte do Estado de São Paulo via par metalico)? O que as operadoras ganhariam com isso?
Abri meu provedor. Toda documentação rolou, todas as taxas paguei e claro, pedi um link Telefonica e arquei com o custo. A Embratel não faz questão de entregar e a meses tento uma conversa com ela para buscar o link em algum POP. A Oi nem responde as ligações apesar de ter um POP próximo. A rede da GVT mais próxima fica a 400km. Global esqueça... e tantas outras, continuam a se concentrar no centros urbanos e nunca nem ouviram falar da cidade que vou atuar.
Vai "da-li", "vai daqui" e uma das cidades próximas seria viavel buscar o link PNBL com a Telefonica em parceria com a Telebras e na outra a Telebras tem um POP! Yes, meus problemas acabaram!
Liguei prontamente para Telebras e depois de vários gaguejos "eh... ah... eh que... humm... deixa eu ver... Nosso POP lá está em construçao."
- Construção? Qual a previsão para o termino? - indago eu
- Humm março ou abril. Mas... não encontramos nem um local para a construção do POP ainda... - responde a Telebras.
Como bom rapaz educado que sou ofereci ajuda. Tenho conhecidos na região, pessoas a fim de fazer negocio. Sei lá... meu desapontamento foi tão grande que não sabia o que falar... ai, cai na real de que estou no Brasil e que com uma RARIDADE quase milagrosa, nada seria perfeito, pontual ou levado REALMENTE a sério...
Eis que um amigo da epoca da operadora me liga e informa que numa cidade próxima a que preciso a Telefonica (na realidade a TELESP S.A) entregaria o PNBL. Uma observação bem grande no documento é:
- OS LINKS SERÃO ENTREGUES NO "CENTRO DE FIOS DA TELEFONICA"
- É OBRIGATÓRIO A ENTREGA COM ULTIMA MILHA TELEFONICA COM O PRODUTO LAN-TO-LAN.
- A oferta do IP Internet PNBL será sempre acompanhada por uma oferta Telefônica de conectividade até o endereço do cliente.
- Além disto, estará sujeito a cobrança das taxas de instalação e de configuração.
- Taxa de Instalação ou Mudança de Configuração: R$ 2.072,00 (com impostos)
- O prazo de instalação será de até 180 dias conforme disponibilidade técnica, de acordo com o Termo de Compromisso
Me ajudem a entender qual é a vantagem.
Façamos o exemplo: 10MB em fibra optica - entregues em modem otico, não SDH a 4.5km da central telefonica (o preço é calculado de acordo com a distancia da central) R$ 8.200,00
10MB em fibra otica - entregues em modem otico, não SDH a 17km da central - R$ 10.500,00. Esses são os valores que a empresa que trabalho paga atualmente em 02 localidades distintas.
Valor médio de um LAN-TO-LAN de 10MBPS com roteador - R$ 10.900,00.
Se você chorar direito com seu gerente, não paga nenhuma taxa de instalação...
Me expliquem agora qual é a vantagem de contratar um link de 10MBPS com a Telebras + um LAN-TO-LAN se apenas um link IP INTERNET vai sair mais em conta?
180 dias ou seja, 6 meses para uma instalação quando um IP INTERNET em par metalico instala em 45/60 dias?
Que raio de Programa Nacional de Banda Larga o governo Brasileiro criou? Voltou um monstro que vai consumir MILHÕES DE REAIS que todos sabemos que serão desviados. Vai encher o bolso de empreiteiros com licitações e a aplicação mesmo para os pequenos empresarios e usuários finais como deveria ser o foco anunciado desde o inicio, nenhum.
Gastamos R$ 12 milhões em uma rede GEPON de mais de 400km com equipamentos Furukawa + Enterasys (noticiados na revista RTI) completa com obra civil, caixas, e tudo mais e uma licitação de uma central custa mais de 100 milhões.
Prefiro não entrar em mais questões amplamente comentadas e encerrar o texto por aqui.
Não conseguimos educar a população nem controlar uma droga de um mosquitinho (dengue) quem dirá levar tecnologia a um custo acessivel a um pais com dimensões continentais como o nosso.
Como já dizia Charles De Gaule decadas atrás: O Brasil não é um pais sério.
Perdão pelo desabafo e pela exaltação.