Recentemente, a Anatel pressionou as operadoras a prepararem suas redes para a versão 6 do protocolo IP, ou IPv6. O desejo da agência reguladora é que em no máximo dois anos o novo sistema de endereçamento da Internet esteja em utilização para praticamente todos os usuários do país. A Anatel também definiu datas juntamente com as maiores operadoras para que somente os equipamentos que já suportarem o IPv6 recebam certificação.
Para os grandes centros, a expectativa é que o novo sistema tenha migração já ocorrida em meados de 2015. Alexander Castro, diretor do sindicato nacional das teles, o Sinditelebrasil, confirmou o prazo declarando que "a partir de julho de 2015, todas as operadoras passariam a oferecer IPv6 nativo aos novos usuários nos principais centros". A mudança em todo o país, no entanto, deve levar cinco anos para ser concluída.
Havia pouca movimentação por parte das operadoras para a implementação do IPv6 no lugar do IPv4, o que levou a Anatel a delimitar datas e metas em relação ao projeto.
Segundo José Bicalho, superintendente de Planejamento e Regulamentação da Anatel, havia um impasse entre as redes e os produtores de conteúdo sobre quem deveria começar primeiro a realizar a migração para o novo sistema de endereçamento. “A gente vinha acompanhando a escassez e sentia que havia uma dificuldade em quem devia fazer primeiro. As redes diziam que ainda não tinha conteúdo em IPv6. Os produtores de conteúdo diziam que as redes não estavam prontas. Para não ficarmos discutindo o ovo ou a galinha, acertamos quando as redes estariam prontas, tanto para usuários corporativos como usuários finais”, declarou.
Como as operadoras já possuem projetos e prazos estipulados para realizarem as mudanças na rede, a cobrança também chega aos produtores de conteúdo, que serão pressionados pela Anatel e pelas próprias redes. “Os principais players de conteúdo no Brasil já trabalham com IPv6, mas existem muitos que ainda precisam fazer a adaptação. Esse alerta continua importante”, ressaltou o superintendente da Anatel.
De acordo com o cronograma do governo federal, a migração total dos produtores de conteúdo deverá acontecer até 2018. Grandes portais como Facebook, Google, UOL e Terra já trabalham com conteúdo IPv6.
Conforme explica Bicalho, os internautas não sentirão nenhuma mudança de experiência na navegação. “Basicamente, o usuário não tem que fazer nada. Não afeta quem está em sua residência usando IPv4, na sua maioria já utilizando CGNAT [compartilhamento de endereços IP]. Na rede móvel isso já funciona de forma quase integral. Na rede fixa algumas ainda não usam, mas já têm capacidade para fazer isso à medida que o IPv4 acabar", declarou.
Com a chegada do IPv6 até a metade do ano nos principais centros do país, a pressão para o lado dos conteúdos também migrarem definitivamente para o novo sistema certamente aumentará. Para a Anatel, os dispositivos eletrônicos (como smartphones, modems e roteadores) lançados nos últimos dois anos já possuem suporte para trabalhar com os dois sistemas de endereçamento.
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