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O Que é o Chrome OS?

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O Google anunciou que irá lançar um sistema operacional, voltado principalmente para Netbooks. Esse anunciou gerou bastante ruído e especulação sobre os planos da Google, principalmente contra a hegemonia da Microsoft.

Pelo que foi divulgado no Blog official da Google Official Google Blog: Introducing the Google Chrome OS, o Chrome OS é uma versão de Linux bastante reduzida e enxuta.

Não seria a primeira distribuição de Linux reduzida. Só para citar algumas distribuições existentes: Tiny Linux, Knopixx, Mandriva Move, Finnix, etc.
Agora para que serve um sistema operacional desse tipo e para que aplicação?

Em primeiro lugar todas as distribuições reduzidas de Linux tem uma aplicação especifica. O Chrome OS não é diferente. A diferença é que o Chrome OS é voltada para uma aplicação que, se der certo, tende a mudar de maneira definitiva a forma como o usuário normal usa o computador.

Cada vez mais surge a tendência de termos a aplicação na Internet. O conceito de cloud computing está dentro desse eco sistema.

Se a tendência se confirmar, não teremos mais softwares instalados nas máquinas dos usuários. Ele irá acessar tudo que necessita, na rede. Os aplicativos estarão na rede, os arquivos (a grande maioria) estarão na rede e o controle de acesso será feito pela rede.

Nesse cenário, muito parecido com o conceito de Thin Client, o computador do usuário terá poucos aplicativos. Na verdade, o computador do usuário irá necessitar do navegador e meia dúzia de outros acessórios (Java, Flash Player, um mídia player).

Assim o Chrome OS vai ser uma base para rodar o navegador da Google, o Chrome. Também será simples de instalar, com uma grande base de drivers. Ele poderá ser otimizado: as distribuições Linux tradicionais devem ser capazes de rodar desde um navegador até um banco de dados, por isso ele não pode ser otimizado para tudo. Com o Chrome OS o Google poderá focar performance, um boot rápido, segurança e facilidade de instalação.

Eles será um sistema operacional para quem, basicamente, só precisará da web. Quem conhece o Google DOCs, Google Mail e Google WAVE já deve estar imaginando para que lado a coisa deve andar.

Hoje em dia eu acho pouco provável que haja usuários em volume suficiente para que o Chrome OS se torne uma ameaça à Microsoft. Ainda existem vários problemas para serem vencidos para que esse tipo de solução seja popular:
  • banda: tendo o aplicativo na web, o consumo de banda passa a ser significativamente maior pois cada clique, cada nova informação digitada, significa tráfego entre o cliente o servidor. Mesmo com a tecnologia de processamento no cliente (como Ajax) a demanda de tráfego é grande. Para quem dúvida, tente copiar um bloco de 100 células em uma planilha do Google Docs.
  • disponibilidade de acesso: como o equipamento vai ser dependente da web, sem a web ele será pouco mais que um peso de papel.
  • disponibilidade de aplicativos: hoje temos os principais aplicativos em modo on-line: office, mail e o próprio navegador. Isso representa 70% do que os usuários fazem com seus computadores, mas faltam os outros 30%. Para piorar, enquanto office, mail e navegação (três aplicativos) representam 70%, os outros 30% são compostos por centenas de aplicativos diferentes (cada usuário tem suas necessidades particulares). Não creio que os usuários migrem para o cloud computing sem que haja uma disponibilidade quase completa dos aplicativos que ele necessite. Assim vai levar um tempo para esses outro 30% estarem disponíveis via web.


No entanto tudo isso será resolvido com o tempo. A banda larga doméstica e corporativa só tende a crescer e o Wi-MAX (ou mais provávelmente o LTE) irá resolver a questão da disponibilidade do acesso móvel. Com o tempo irão surgir cada vez mais aplicativos se for criado um meio adequado de desenvolvimento e divulgação (a Apple mostrou o caminho com os aplicativos para iPhone).

Por outro lado as vantagens, para os usuários leigos, de uma solução dessas é muito grande. O usuário nunca mais terá que instalar aplicativos. Se o usuário quiser ver um vídeo, vai no YouTube (novamente apenas usa o browser), compartilhar imagens é o Picasa (só browser), interação social é Facebook ou Orkut (browser).

Como exemplo, uso como referência meu leigo pai. Ele não sabe a diferença na forma de funcionamento entre o Excel e o Internet Explorer. Ele acha que quando a banda larga está fora do ar, ele não conseguirá usar o Excel (cancei de explicar). A grande maioria dos usuários não compreende como funciona a arquitetura de um sistema operacional. E essa é a grande vantagem do Chrome OS com o cloud computing: os usuários não terão que saber nada do sistema operacional ou das "coisas de dentro" do computador.

Tudo será homogêneo, constante e, eu diria, até mesmo monótono. É isso mesmo que o usuário leigo quer, algo que não traga surpresas ou que não exija dele uma profundidade de conhecimento.

Voltando ao meu pai, ele quer editar um texto, mandar e-mail e navegar na Internet. Ele não gostar de ficar procurando arquivo (ele nunca se lembra em qual pasta salvou o arquivo) ou instalando nova versão de software.

É isso que irá atrair o usuário normal ao Chrome OS. Custo zero, instalação fácil com tudo que ele precisa. Fora isso, ele irá usar serviços que serão gratuitos, financiados por propaganda ou mesmo pagos mensalmente pelo usuário (mas sem instalação, sem burocracia, ele entra com o número do cartão de crédito e usa o site, ponto final).

Repare que não estamos falando aqui do web designer (que usa photoshop) ou administrador de redes. Esses usuários específicos continuarão a utilizar um sistema operacional completo. Mas são 5% do universo de usuários. O Chrome OS será voltado para o universo de usuários de pouco conhecimento.

Assim, não creio que o Chrome OS será uma grande ameaça imediata para a Microsoft. No entanto, com a evolução da banda larga e sua disponibilidade, cada vez mais usuários tenderão a migrar para essa coisa simples que é o cloud computing e, dessa forma, minar cada vez mais as fontes de rendas da Microsoft.

Como se preparar para esse mercado: para os que, como eu, acreditam que o cloud computing não vai acabar com o computador tradicional, mas mesmo assim terá uma enorme demanda, as oportunidades de negócio são simples: desenvolver em web. PHP, Ajax, jQuery, Flash, Java são algumas das tecnologias de desenvolvimento que estarão intimamente ligadas aos negócios nesse mundo novo. Fora isso, muita criatividade para criar as aplicações que os usuários irão querer pagar para usar ou que os anunciantes irão querer patrocinar.

NOTA PS: para quem se interessou por este artigo, criei uma continuação. O Que é o Chrome OS? Parte II.

Atualizado 14-07-2009 em 08:52 por mlrodrig

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Comentários

  1. Avatar de Não Registrado
    Não existe cloud computing, só uma baita rede, neste caso a do google, onde todos farão login.
    Isso sim é o verdadeiro conceito de cloud computing: [video=google;-6972678839686672840]http://video.google.com/videoplay?docid=-6972678839686672840[/video]
  2. Avatar de mlrodrig
    Citação Postado originalmente por Não Registrado
    Não existe cloud computing, só uma baita rede, neste caso a do google, onde todos farão login.
    Isso sim é o verdadeiro conceito de cloud computing: A New Way to look at Networking
    Eu acho meio radical dizer que não existe cloud computing. É um conceito.
    É como o netbook. Eles já existem a muito tempo, mas não tinha nome específico, pois nunca fizeram sucesso. Agora surgiu uma demanda para esse tipo de equipamento então surgiu esse termo.

    É algo normal, toda vez um assunto se torna popular, alguém dá um nome - o que eu acho bom, pois facilita a comunicação.

    Em 1992, eu lembro que o slogan da Sun (agora Oracle) era (ou ainda é) "The Network is The Computer". A Sun já pensava em Cloud Computing desde aquela época, mas não pegou (e nem tinha nome).

    Agora, com a disseminação da banda larga móvel, o conceito começou a pegar e surgiu o nome.

    Com certeza o grosso do negócio nesse mercado ficará com a Google, Microsoft e outra meia dúzia mais de nomes, que irão gerar 70% da demanda. Mas creio que haverá muito negócio nos 30% de outros aplicativos e serviços.
    Atualizado 13-07-2009 em 20:53 por mlrodrig
  3. Avatar de RobertoLima
    mlrodrig Parabens pelo post, Vale lembrar que.. A Sun teve a idéia mais no momento errado da hístória. (Isso foi até citado pelo presidente de produtos da Google. Pois não existia banda larga em escala mundial, e onde tinha éra apenas alguns (kbps) tornando assim o sistema inviavel.
    Já agora a banda larga está avançando muito (Aqui em curitiba a GvT está preparando redes de até 100megas de down) então creio que a google está vizando isso. hoje já daria pra usar algumas coisas online. o sistema só sai o ano que vem. não creio que mude muito a banda larga até lá.. mais imagine daqui 3 ou 5 anos.
    A diferença entre a Microsoft e Google é... A Google pode investir milhões no desenvolvimento disso, e aguardar pra ver se dá certo, sem comprometer seu lucro... pois não vive de vender software. já a microsoft não, pois se ela liberasse substitutos XP/Vista e Office na web (por exemplo) eles prejudicariam a eles mesmos.
  4. Avatar de lfaria
    Bom artigo.

    Na minha cabeça surgiram duas coisas, depois de ler seu texto:

    - Muitas vezes me pego pesquisando por uma tarefa "online" no Google e acabo encontrando. Acontece muito com edição de imagens e outras tarefas relacionadas. Assim não instalo nada, uso, resolvo meu problema e vou embora.

    - Um Sistema Operacional pequeno, enxuto e rápido. Isso se pode colocar numa memória flash na placa mãe do micro. Compra, liga e usa. Os fabricantes de BIOS poderiam ser os grandes "distribuidores" desse OS.

    Viagem??

    Lauro Faria
    BDI BBS: Banco de Dados Integrado
  5. Avatar de Não Registrado
    Muito bom o post!

    Mas achei que você pegou pesado aqui "como o equipamento vai ser dependente da web, sem a web ele será pouco mais que um peso de papel".

    Digo isso pois algumas das aplicações web based do google já funcionam offline, como o gmail e a agenda. E a coisa funciona muito bem. Eu uso o gmail offline (que tá na versão 0.1) há algums mêses e a agenda offline a uma semana. O que mais impressiona é a facilidade pra colocar esses aplicativos pra funcionar.

    Dá pra ver nesses exemplos que o google tá trabalhando duro pra contornar o problema que você destacou. E estão caminhando muito bem, na minha opinião. Claro que recursos como esse são viáveis apenas pra uma parcela dos aplicativos utilizados pela maioria dos usuarios, mas seus computadores, ainda assim, seriam um pouco mais úteis que um peso de papel...rs

    Grande abraço,

    André.
  6. Avatar de mlrodrig
    Citação Postado originalmente por Não Registrado
    Mas achei que você pegou pesado aqui "como o equipamento vai ser dependente da web, sem a web ele será pouco mais que um peso de papel".
    Oi André,

    Obrigado pelos comentários. Concordo que exagerei um pouco no tom dramático nessa frase
    A idéia era deixar claro que a "conectividade universal" vai ser importante para o sucesso do Chrome OS.
  7. Avatar de lfaria
    Citação Postado originalmente por mlrodrig
    Oi André,
    Obrigado pelos comentários. Concordo que exagerei um pouco no tom dramático nessa frase
    A idéia era deixar claro que a "conectividade universal" vai ser importante para o sucesso do Chrome OS.
    Mas a mudança de conceito vai ser interessante. A conectividade é a chave, mas não a única.

    Hoje o computador é autônomo de conexões, mas se conecta.

    Amanhã o computador será "internet dependente", mas ainda terá algo a fazer offline.

    É sutil, mas muito interessante (principalmente para o Google).

    Lauro Faria
    BDI BBS: Banco de Dados Integrado
  8. Avatar de Não Registrado
    [quote=mlrodrig;bt4092]Eu acho meio radical dizer que não existe cloud computing. É um conceito.
    É como o netbook. Eles já existem a muito tempo, mas não tinha nome específico, pois nunca fizeram sucesso. Agora surgiu uma demanda para esse tipo de equipamento então surgiu esse termo.

    É algo normal, toda vez um assunto se torna popular, alguém dá um nome - o que eu acho bom, pois facilita a comunicação.

    Em 1992, eu lembro que o slogan da Sun (agora Oracle) era (ou ainda é) "The Network is The Computer". A Sun já pensava em Cloud Computing desde aquela época, mas não pegou (e nem tinha nome).

    Agora, com a disseminação da banda larga móvel, o conceito começou a pegar e surgiu o nome.

    Com certeza o grosso do negócio nesse mercado ficará com a Google, Microsoft e outra meia dúzia mais de nomes, que irão gerar 70% da demanda. Mas creio que haverá muito negócio nos 30% de outros aplicativos e serviços.[/quote]

    Você viu o vídeo, todo?

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