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O Que é e Como Funciona Uma Antena.

Avaliação: 14 votos, 4,93 média.
Quem trabalha com wireless, tem que lidar diariamente com antenas, mas a vasta maioria não sabe como ela funciona e comentem muitos erros. Uma história recorrente em "causos" de provedores é o da troca de antena omni de 8 dBi por outra omni de 15 dBi e não tem bons resultados, ao mesmo tempo que outro provedor faz o mesmo e relatas grandes benefícios. Ambos provedores não sabem porque isso ocorre.

Assim resolvi este texto para tentar explicar de maneira didática o que é realmente uma antena e quais as características que devem ser notadas em uma.

Em primeiro lugar é necessário compreender qual a função de uma antena. A antena não tem alimentação elétrica, não tem energia própria, então como é possível que uma antena seja mais "potente" que outra? É verdade que a energia vem do cabo que a conecta com o equipamento de rádio, mas como é possível duas antenas terem ganhos diferentes, sendo conectadas no mesmo tipo de rádio?

A antena não aumenta a potência do rádio, ela apenas concentra essa potência. Isso significa que uma antena de maior ganho cobre uma região menor que uma antena de menor ganho. Assim uma antena omni de 5 dBi cobre uma região maior que uma antena omni de 15 dBi. Mas como isso é possível se as duas antenas cobrem 360 graus???

Simples: a diferença entre uma omni de 5 dBi contra uma de 15 dBi é na abertura. Ambas cobrem 360 graus, porém a de 15 dBi tem um sinal que parece uma pizza (fina e larga) enquanto que a de 5 dBi parece uma rosca de torresmo (ou então um Donout, aquele troço horrível que americano adora).

Qual o impacto disso no projeto? Simples, no caso da antena omni de 15 dBi, o sinal que ela joga é mais potente, assim gera um alcance maior. No entanto o cliente tem que estar praticamente na mesma altura da antena. Já a antena de 8 dBi não dá o mesmo alcance, mas como o sinal é mais "gordo" mesmo quem não está na mesma altura da antena recebe o sinal.

Assim a escolha da antena correta não depende apenas do ganho, mas também da sua abertura. Não existe mágica, se uma antena tem ganho maior, ela acaba atingindo uma área menor.

Lendo o Gráfico de Irradiação

O catálogo das antenas possui um gráfico de radição como este:

http://under-linux.org/attachment.ph...p;d=1288721593http://under-linux.org/attachment.ph...p;d=1288721592

Este é de uma antena omni de 15 dBi, mas o que ele significa?

O gráfico da esquerda, escrito horizontal, é o sinal visto de cima. Imagine a antena bem no meio do circulo e você voando por cima. Se você pudesse ver o eletromagnetismo, veria essa imagem. Como é uma omni ela irradia por igual para todos os lados. Igual? Na verdade não é bem igual. Apesar de pequenas, existem diferenças na borda, o que mostra que ela não é perfeita. No entanto essas diferenças não são significativas.

No gráfico da direita (vertical) é como se estivessemos no chão, vendo a antena de lado, no topo de uma torre. Novamente imagine a antena no centro do circulo. Ela irradia o sinal quase na horizontal.

Agora compare com este gráfico, de uma antena omni de 5dBi:

http://under-linux.org/attachment.ph...p;d=1288722028

O gráfico horizontal é praticamente identico ao da 15 dBi (ambas são omni), mas a diferença no gráfico vertical é significativa. A de 5 dBi joga mais sinal para cima e para baixo, o que significa que você não precisa estar tão alinhado com esta antena para receber o sinal.

Repare também que as antenas tem "pipocos" ou "perebas" (principalmente a de 15 dBi). Isso vem do fato de que não existe antena perfeita. Quanto mais dessas perebas uma antena tiver, pior pois é sinal indo para onde não deve. Dessa forma, quanto menos perebas tiver um gráfico de uma antena, melhor ela tende a ser por não desperdiçar sinal.

Agora vamos ver uma antena setorial de 17dBi e 120 graus:

http://under-linux.org/attachment.ph...p;d=1288722346

Na vertical (vista de lado) ela tem um foco grande para frente. Por isso é de 17 dB. Se fosse de ganho menor, seria mais gordinha. Assim essa antena exige que os clientes estejam bem alinhados com ela. Repare também que ela é cheia desse gomos, dessas perebas.

As antenas setoriais são caras pois é díficil conseguir focar o sinal com perfeição em um único setor. Por isso é normal termos essas perebas mesmo nas melhoras setoriais. No entanto isso significa que uma distância pequena (50 a 100 metros) pode mudar a qualidade do sinal recebido, pois você pode ficar em um dos gomos (sinal bom) ou nas entradas (sinal ruim). Você pode estar na região de uma entrada (sinal ruim) e se afastar mais da antena e pegar um sinal melhor.

Repare também que vista de cima (horizontal) que ela não é "exatamente" de 120 graus. Ela vai 60 graus para esquerda e 60 graus para a direita, mas não é uma ponta quadrada, é arredondada. Isso significa que quem está a 30 graus pega um sinal muito melhor do que quem está a 60.

Mas o mais interessante é o gomo para trás. Repare que gráfico horizontal tem um calombo atrás. Isso significa que ela joga um pouco de sinal para trás e recebe também um pouco de sinal para trás. Por isso fico de cabelo em pé quando vejo (até mesmo fabricantes de antenas) recomendando que provedores coloquem 4 antenas setoriais de 90 graus em 2,4 Ghz para cobrir 360 graus.

Como existe apenas 3 canais não sobrepostos em 2,4 Ghz (para maiores detalhes, de uma olhada no meu outro post sobre canais WiFi Clicando aqui), então duas antenas estarão na mesma freqüência e esse gomo para trás que todas tem, seguramente irá causar interferência entre elas.

Vai aqui uma sugestão para quem quer saber mais: façam uma busca na Internet por imagens com o termo "antena pattern". Você irá encontrar uma enorme quantidade de gráficos de irradiação de antenas, compare o que você achar.
Por exemplo: qual a diferença entre uma antena direcional de 24 dBi e uma setorial? Qual a diferença entre o gráfico de uma omni de 8dBi de baixo custo e uma mesma 8dBi mais cara? Você vai aprender muito sobre para onde vai o sinal da antena.

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Atualizado 21-02-2011 em 08:17 por mlrodrig

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Comentários

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  1. Avatar de 1929
    Rodrigo, esta questão do lóbulo é possível mesmo, já que os slots são feitos em 2 lados do tubo de alumínio. Teoricamente o projeto que circula na net, do Trevor, diz que abre 180º para cada lado. E a Pluton colocou no site o diagrama de irradiação como sendo 360º.

    Numa pesquisa me apareceu um site com uma antena slot, com 4 lados com slots, mas agora procurando não achei mais. Não era para a nossa frequencia, mas para outras frequencias.
    Vou ter que procurar melhor.
  2. Avatar de Carlos Picioli
    mlrodrig, muito bom o seu texto! Parabéns!

    E, aproveitando o assunto, me tira uma dúvida. É muito comum instalarmos antenas em torres autoportadas e, na sua maioria, elas começam com uma base larga e vao se afunilando até o topo, mais ou menos como um triângulo.

    Neste caso, quando o suporte para a antena é fixo na torre, respeitando a inclinação da torre, como na parte superior do desenho. Para fazer o alinhamento vertical é fácil, de acordo com o suporte da antena. No entanto, minha duvida é a seguinte. Se a torre 2, para onde esta antena estará apontando não estiver em linha reta com a torre 1, ao virar esta antena para a direita ou para a esquerda, ela ficará meio "de lado" na torre, provocando uma distorção no foco do seu alimentador. Se imaginarmos duas torres com o mesmo problema, poderemos uma antena alinhada verticalmente na torre A, porém ao invés de estar com 90 graus na vertical, estará com uns 85 graus devido ao suporte e, no outro lado, a situação oposta. Isso daria uns 10 graus de inclinação oposta entre uma torre e outra.

    Isso seria um problema para links ponto a ponto em grandes distâncias?

    O ideal seria alinhar o suporte com a inclinação de 90 graus, como na parte inferior do desenho, para depois rotacionar a antena?


    Carlos Picioli


    http://www.softlan.com.br/diversos/suporte-antena.jpg
  3. Avatar de mlrodrig
    Citação Postado originalmente por Carlos Picioli
    mlrodrig, muito bom o seu texto! Parabéns!

    E, aproveitando o assunto, me tira uma dúvida. É muito comum instalarmos antenas em torres autoportadas e, na sua maioria, elas começam com uma base larga e vao se afunilando até o topo, mais ou menos como um triângulo.

    Neste caso, quando o suporte para a antena é fixo na torre, respeitando a inclinação da torre, como na parte superior do desenho. Para fazer o alinhamento vertical é fácil, de acordo com o suporte da antena. No entanto, minha duvida é a seguinte. Se a torre 2, para onde esta antena estará apontando não estiver em linha reta com a torre 1, ao virar esta antena para a direita ou para a esquerda, ela ficará meio "de lado" na torre, provocando uma distorção no foco do seu alimentador. Se imaginarmos duas torres com o mesmo problema, poderemos uma antena alinhada verticalmente na torre A, porém ao invés de estar com 90 graus na vertical, estará com uns 85 graus devido ao suporte e, no outro lado, a situação oposta. Isso daria uns 10 graus de inclinação oposta entre uma torre e outra.

    Isso seria um problema para links ponto a ponto em grandes distâncias?

    O ideal seria alinhar o suporte com a inclinação de 90 graus, como na parte inferior do desenho, para depois rotacionar a antena?


    Carlos Picioli

    Imagina que a antena é uma lanterna (na verdade, luz da lanterna e sinal de rádio são todos ondas eletromagnéticas, então a comparação e muito apropriada). Um faixo da lanterna começa estreito (na boca de saída da lanterna) e vai aumentado de largura, formando um cone. No caso da antena também.

    Uma antena de 24 dB tem, por exemplo, um cone de 10 graus. Qualquer coisa que estiver dentro desse cone, terá praticamente o mesmo sinal.

    No seu exemplo, se a parte de baixo desse "cone invisivel" gerado pela primeira tocar a segunda antena (e vice-versa) não há problema.

    Mas se o cone for fechado demais e sua parte de baixo não tocar a segunda antena, então o sinal será fraco.

    Assim, por exemplo, uma antena de 24dBi que tem 10 graus de abertura (os fabricante publicam essa informação) tiver com inclinação de 85 graus, então temos 5 graus para cima e para baixo (dos 10 graus totais) o que dá justinho (considerando que as antenas estejam na mesma altura).

    Mas se o cone for mais estreito que 10 graus, o sinal ficará fraco.

    Como eu sempre digo: o certo é fazer certo. Tentar escorar a antena na inclinação da torre não é boa idéia. Um "tilt" de fixação é sempre o mais recomendado.
  4. Avatar de msousa
    Olá!

    Então, gostaria muitíssimo de ver os tais gráficos de irradiação mas não consigo. Ja tentei em pcs diferentes, browsers diferentes e nada! Tem mais alguém que não consegue vê-los?
  5. Avatar de Zedeck
    Citação Postado originalmente por msousa
    Olá!

    Então, gostaria muitíssimo de ver os tais gráficos de irradiação mas não consigo. Ja tentei em pcs diferentes, browsers diferentes e nada! Tem mais alguém que não consegue vê-los?
    Pois é msousa!! Eu conheço os gráficos de irradiação, mas sem eles no texto dificulta a compreensão... Deveria ser editado e trocado os links das imagens que devem ter ficado off.

    Ahhh... Esse texto (e os comenários subsequentes) são muito esclarecedores... Na realidade confundem ainda mais meu incipiente conhecimento uma vez que mostram que wireless é cheio de pormenores e minúncias, é supercomplexo!!! Tudo contribui ou interfere em um sinal!

    []s

    Zedeck...
  6. Avatar de msousa
    Então Zedeck, eu convivo com telecom mas não sou experiente, mas posso dizer que é a área mais complicada de que tenho conhecimento (trabalho com EMC especificamente). Quem acha eletrônica um pé (não é meu caso, pelo contrário - embora meu saco não seja de ferro) vai ver que telecom não fica atrás...
    Pois é cara, tanta gente elogiando este post, só aumenta a vontade de ver os gráficos..... :'-(

    abraço
  7. Avatar de ltolsilv
    kd os gráficos ?
  8. Avatar de mlrodrig
    Citação Postado originalmente por ltolsilv
    kd os gráficos ?
    O problema dos gráficos foi resolvido, o texto esta de volta ao original.
  9. Avatar de ltolsilv
    vlw manooo
  10. Avatar de Ednan
    Outra excelente explicação.
    Vi seu texto falando sobre EIRP e agora este.
    Obrigadão cara.
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